AESE insight #15 - AESE Business School - Formação de Executivos

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AESE insight #15

17 de setembro 2020

Marta Lynce de Faria

Professora de Comportamento Humano e Macroeconomia da AESE Business School
Cátedra de Ética na Empresa e na Sociedade AESE/EDP

Num período de constantes desafios e dificuldades como é o que atravessamos atualmente, todos pensamos na importância da resiliência. A resiliência é um termo tomado da engenheira. Um material resiliente é capaz de voltar à sua forma original depois de ser sujeito a uma determinada força. O exemplo mais comum é o da borracha, que volta à forma original depois de sujeita a determinada pressão. O conceito foi adotado pela psicologia para designar a características mentais daqueles que não “partem” ante o stress e a pressão, mas são suficientemente flexíveis para, uma vez passado o evento, voltarem à sua forma inicial.

Anti-fragilidade: resiliência 2.0.

Num período de constantes desafios e dificuldades como é o que atravessamos atualmente, todos pensamos na importância da resiliência. A resiliência é um termo tomado da engenheira. Um material resiliente é capaz de voltar à sua forma original depois de ser sujeito a uma determinada força. O exemplo mais comum é o da borracha, que volta à forma original depois de sujeita a determinada pressão. O conceito foi adotado pela psicologia para designar as características mentais daqueles que não “partem” ante o stress e a pressão, mas são suficientemente flexíveis para, uma vez passado o evento, voltarem à sua forma inicial.

Nassim Nicholas Taleb, da NYU, criou o termo “anti-fragilidade”. Esta expressão caracteriza aquelas pessoas que, depois de serem sujeitas a um grande stress e/ou pressão, não voltam apenas ao seu estado inicial, mas tornam-se ainda mais aptos, capazes e fortes. Assim como os materiais e pessoas frágeis enfraquecem ao serem sujeitos a uma elevada pressão, as pessoas anti-frágeis tornam-se mais fortes depois destes eventos. A anti-fragilidade foi cunhada como a “resiliência 2.0”.

Tal Ben Shahar, da Columbia University, procurou numa conferência dada já no período da COVID-19 explicar o que considera serem as cinco chaves para aumentar a nossa capacidade de nos tornarmos anti-frágeis e, portanto, sairmos mais fortes desta pandemia. Descrevo sumariamente estas cinco chaves para a anti-fragilidade com a convicção que nos poderão dar luzes no meio das dificuldades que possamos enfrentar.

Primeira chave: conceder-nos a autorização para sermos humanos. Todos experimentamos emoções negativas e momentos de debilidade. Há apenas dois tipos de pessoas que não sentem emoções negativas: os psicopatas e os mortos. Por isso, se sente ocasionalmente emoções negativas, alegre-se, porque está vivo e não é um psicopata. Hoje em dia não nos concedemos o direito de sermos humanos por vários motivos, mas um especialmente importante é o mundo dos social media que através de posts e imagens entusiasmantes e atrativas nos transmitem a sensação que tudo funciona no mundo menos a nossa vida. Situações de pressão envolvem necessariamente emoções complexas e extremas. Os números de pessoas que sofrem de ansiedade aumentaram globalmente durante a pandemia porque aumentou muito a incerteza em relação à situação sanitária e à situação económica. Os níveis de frustração aumentaram tanto para as pessoas que vivem sozinhas, que agora se sentem mais sós, como aquelas que vivem com a família e com quem são forçadas a conviver durante mais horas durante o dia, nem sempre resultando num melhorar das relações. Mas as emoções positivas também nos estão a causar problemas. Há uns dias, falei com uma pessoa com umas ótimas condições materiais em casa e a quem a pandemia permitiu aproximar-se mais dos membros da sua família. A sua primeira reação foi dizer-me: “Sinto-me culpada por estar feliz. Não é justo que me sinta assim quando há tanta gente a sofrer!”

Uma pessoa que aceita plenamente a sua humanidade dá as boas vindas a todas as emoções. Explico um paradoxo que é significativo a dois níveis e que ilustra porque é que não devemos rejeitar as emoções. Em primeiro lugar, quando oprimimos as emoções dolorosas elas aumentam. Quando oprimimos a tristeza, a ansiedade, a ira ainda nos sentimos mais tristes, ansiosos e zangados. Quando dou as boas vindas a todo o tipo de emoções, elas vêm e vão. Quando as rejeitamos aumentamos a sua capacidade de controlar o nosso comportamento. Se rejeito a ansiedade arrisco-me a ser dominada por ela mas se, por outro lado, a aceito e assumo o mais provável é que ela tenda a desaparecer. As emoções não são boas nem más, simplesmente são. As emoções não têm valoração moral, o que pode ser moral ou imoral é o comportamento.

Em segundo lugar, o modo mais comum para bloquearmos as emoções é tornarmo-nos indiferentes às pessoas e aos acontecimentos. Quando bloqueio a melancolia, bloqueio a capacidade para me admirar, quando bloqueio a ansiedade bloqueio a capacidade para me entusiasmar, quando bloqueio a tristeza bloqueio a alegria. “Quem não sabe chorar com todo o coração também não sabe rir,” dizia Golda Meir. Por isso, não compensa bloquear as emoções negativas.

Há três modos através dos quais nos podemos conceder esta autorização e ajudar a que as emoções negativas venham e vão, mas não fiquem. Primeiro, chorar. Não é por acaso que nos sentimos melhor depois de “chorar como uma Madalena”. Segundo, falar da situação com algum amigo. É sempre melhor expressar uma emoção em vez de a suprimir. Terceiro, escrever sobre o assunto. Há muita investigação empírica sobre os benefícios de escrever um diário tanto para pessoas que investem vinte minutos por dia nesta atividade como para pessoas que lhe dedicam dois minutos por dia. Segundo a investigadora Laura King esta prática aumenta a saúde mental e física. Portanto, parece ser que o primeiro passo para a felicidade é aceitar a tristeza.

Segunda chave: aprender a lidar com o stress. Os psicólogos têm estudado cuidadosamente o stress nos últimos 20 anos. Os resultados ultimamente mostram que o stress não é o problema. Nalgumas condições o stress até pode ser benéfico. Utilizemos o exemplo de uma pessoa que faz musculação num ginásio. Os exercícios de musculação colocam os músculos em tensão. Se o exercício físico é feito com intervalos que permitem a recuperação, os músculos vão ficando cada vez mais fortes. Os problemas começam quando uma pessoa não faz pausas entres os treinos e acaba por se lesionar. Fica mais fraca em vez de ficar mais forte. O problema do stress não é o stress em si, mas a falta de recuperação. O ser humano lida e sempre lidou bastante bem com o stress. No passado havia mais tempo para recuperar entre eventos, agora não. No mundo contemporâneo, estamos sempre alerta e não temos tempo para recuperar. As pessoas que melhor lidam com os stress são as que dedicam tempo à recuperação a vários níveis. Existem um nível mais micro de recuperação segundo o qual idealmente uma pessoa deve fazer uma pausa ou mudar de atividade por quinze minutos em cada duas horas. A recuperação de nível médio que pode ser uma noite bem dormida com sete a oito horas de sono, mas também diz respeito à necessidade de termos um dia de folga durante a semana. Finalmente a necessidade de tirar férias mostra que também precisamos de macro períodos de recuperação. J.P. Morgan costumava dizer: “consigo fazer o trabalho de um ano em nove meses mas não em doze.” Caberá a cada pessoa descobrir o que para si funciona como recuperação. Tirar tempo livre pode parecer uma perda de tempo. No entanto, assim como numa corrida de fórmula 1 nenhum dos automobilistas deixa de fazer a pit stop para poupar tempo – porque isso implicaria ficar sem gasolina e aumentar a probabilidade de rebentar um pneu – uma pessoa também não pode abdicar dos seus tempos de recuperação porque ficaria sem energia para continuar em condições.

Terceiro chave: o agradecimento. O agradecimento aumenta os níveis de felicidade e de resiliência. Estudos feitos por Robert Emmons demonstram que escrever entre três a cinco coisas pelas quais estamos agradecidos aumenta a felicidade, melhora a saúde, ajuda a crescer em generosidade e otimismo. Podem ser realidades grandes ou pequenas: uma refeição, um amigo, um pôr-do-sol, Deus. O mais importante é enumerar todas essas coisas boas de forma focada, sem automatismos, considerando cada uma delas com atenção.
O pai da psicologia positiva, Martin Seligman, fazia frequentemente um exercício com os seus alunos que se revelava muito eficaz: a carta de agradecimento. Escrever uma carta em agradecimento a uma pessoa e ler essa carta em voz alta diante dela. Este exercício tem um impacto positivo significativo em quem recebe a carta, em quem a escreve e na relação entre ambos.
É muito importante aprender a apreciar as coisas boas da vida. A palavra apreciar tem dois significados. O primeiro aponta para o agradecimento. De facto, Cícero chamava à gratidão a mãe de todas as virtudes e não é por acaso que muitas religiões recomendam praticar atos de agradecimento. O segundo significado da palavra apreciar é fazer crescer, como quando dizemos que o capital aprecia. Os dois conceitos estão muito relacionados: quando apreciamos as coisas boas da vida, o bem cresce. Infelizmente, quando damos por descontadas as coisas boas, perde-se grande parte do seu valor. Há muito do potencial para a felicidade humana que se perde porque não investimos em apreciar as coisas boas à nossa volta.

Quarta chave: exercício físico regular. O exercício físico regular tem o mesmo impacto no nosso bem-estar psicológico que a medicação psiquiátrica forte, tanto a anti ansiedade como a antidepressiva. O exercício não tem apenas o mesmo impacto mas liberta os mesmos químicos – dopamina, serotonina – que os medicamentos. Um mínimo trinta minutos de exercício aeróbico três vezes por semana tem exatamente o mesmo efeito que um antidepressivo forte. O exercício físico regular também ajuda as crianças a melhorar a concentração e a melhorar a notas. Em princípio, nos momentos de maior stress deveríamos aumentar a frequência com que realizamos exercício físico, não diminuir, do mesmo modo como se aumenta a dose de um medicamento em momentos de maior risco.

Quinta chave: relações profundas. Last but not least! Qual é o indicador que mais aumenta potencial para a resiliência e para a felicidade? Inúmeros estudos empíricos demonstram que são as relações humanas. Podem ser relações românticas ou em contexto de trabalho, relações familiares ou de amizade. São sempre relações com pessoas com quem nos sentimos confortáveis e nos podemos dar a conhecer com confiança. Curiosamente as relações humanas também são indicador que mais aumenta o potencial da saúde física. Os países que constantemente reportam maiores níveis de felicidade são muito diferentes entre si: Colômbia, Costa Rica, Israel, Austrália, Dinamarca, etc. Mas tem tudo algo em comum: a importância das relações, sejam sociais, familiares, de amizade ou em relação com a comunidade. É de facto, importante investir em relações profundas e duradoras.

José Ramalho Fontes e José Espírito Santo

José Ramalho Fontes, Professor e Presidente da AESE Business School
José Espírito Santo, Diretor-geral, VINALDA, Companhia Comercial de Bebidas, S.A

De norte a sul, com medidas adaptadas às condições climáticas que se fizeram sentir nestes meses, todas as quintas iniciaram as vindimas de 2020, algumas das quais se abrem a visitas e propõem programas especiais. É que, como sempre, as uvas estão à nossa espera. E o vinho também.


É cada vez mais consensual que o setor português da Vinha e do Vinho tem muito potencial e o seu crescimento e fortalecimento se deve apoiar em novos fatores, entre os quais se poderá sublinhar especialmente a sua consideração como um ecossistema de negócio, isto é, um conjunto de empresas e organizações que têm um objetivo comum, unindo a sua criatividade e realizando algo mais importante do que aquilo que podem fazer isoladamente.

As vindimas e o ecossistema da Vinha e do Vinho

As uvas estão à nossa espera. E o vinho também!


De norte a sul, com medidas adaptadas às condições climáticas que se fizeram sentir nestes meses, todas as quintas iniciaram as vindimas de 2020, algumas das quais se abrem a visitas e propõem programas especiais. É que, como sempre, as uvas estão à nossa espera. E o vinho também.


É cada vez mais consensual que o setor português da Vinha e do Vinho tem muito potencial e o seu crescimento e fortalecimento se deve apoiar em novos fatores, entre os quais se poderá sublinhar especialmente a sua consideração como um ecossistema de negócio, isto é, um conjunto de empresas e organizações que têm um objetivo comum, unindo a sua criatividade e realizando algo mais importante do que aquilo que podem fazer isoladamente. A vantagem deste modelo é que analisa as relações entre estas empresas e entidades e as suas redes e ligações, a partir de um nível conceptual mais abrangente e não do ponto de vista de organizações individuais, como fez Porter e outros. O foco do conceito está na fecundidade do conjunto de relações entre os atores, de soma positiva (simbiose) ou de outro tipo, que trabalham em torno de uma plataforma básica tecnológica ou física, por exemplo uma região vinícola, uma rota específica, um projeto como o World of Wine, inaugurado a 31 de julho deste ano.


O ecossistema da Vinha e do Vinho, tal qual é considerado atualmente, inclui outros sectores como o enoturismo, a gastronomia, o vidro, a cortiça, o calçado, a moda, o desporto, etc… Todos estes sectores partilham a mesma marca – Portugal –, e abraçam os mesmos objetivos, que é subir a fasquia dos preços médios e atrair os melhores clientes quer dos mercados internacionais, quer nacional. No enoturismo, são particularmente mais relevantes, neste ano, os nacionais que tiram partido de ofertas aliciantes a preços mais convidativos. Num Fugas (Público) de agosto apresentam-se 17 programas com preços desde 30€ a 628€, de Norte a Sul, e com as mais variados e aliciantes propostas.


Assim, para promover o vinho português, nomeadamente nos mercados externos, os caminhos estão interligados e é necessário alinhar de forma estratégica, no médio prazo, os interesses de muito mais atores relevantes do lado da produção, melhor, da exportação, em ordem a servir o mesmo conjunto de consumidores e clientes, com extraordinárias vantagens de escala. Mais recursos económicos alocados ao investimento na promoção da marca, à realização de eventos coordenados e ao funcionamento de estruturas locais mais robustas, em parceria com as embaixadas e AICEP. E uma maior criatividade e abrangência de formas de sensibilizar os consumidores em regiões ou países estratégicos de modo mais apelativo e com maior impacto.


Com a dimensão mais global destes sectores, poder-se-iam articular fortes sinergias na promoção dos produtos deste ecossistema. Em vez de estarmos a promover, apenas, o crescimento dos 800 milhões de euro de exportações do vinho, estaríamos a promover o crescimento de quase 8 mil milhões de euro: 5 biliões do têxtil e vestuário, 2 biliões do calçado, etc. E, por outro lado, tirando partido do turismo a consumir em Portugal e a levar para suas casas a experiência da gastronomia e vinhos nacionais com toda a envolvência de produtos e serviços.


Regressando ao mercado interno, não seria despiciendo considerar novas ações de promoção potenciando o apetite pelo enoturismo com novas ofertas, para credibilizar estas atividades económicas e atrair mais talento jovem para as empresas do ecossistema: quintas, fábricas e demais serviços associados à criação de valor no interior. Também ao nível da distribuição (nos mercados nacionais e internacionais) do enoturismo, faltam players (DMC’s, Destination Management Company) especializados, profissionais e ambiciosos que promovam e comercializem a oferta existente através de todos os canais (digital, feiras, corporate, etc. …).


Com este enquadramento, os fatores críticos a potenciar serão estes seis:

  • Terroir – Portugal tem alguns dos mais bonitos e diferenciados terroirs (clima, terreno, cultura). Deveríamos promover os melhores exemplos aliando a algumas castas portuguesas com maior notoriedade internacional e cativando enoturistas de natureza afluentes;
  • Estética/Design – À semelhança do calçado, o fator estético é fundamental para atingir segmentos mais elevados do mercado, os clientes finais, os utilizadores. Muito terá de ser melhorado ao nível dos rótulos, campanhas promocionais, posicionamento/visibilidade, etc. …;
  • Marketing/Comunicação – à imagem do que tem sido feito pelo turismo nacional e do calçado, o vinho e a gastronomia também precisam de investir recursos próprios e outros apoios públicos, em campanhas internacionais fortes e irreverentes. Portugal está na moda e temos de “surfar a onda”;
  • Luxo/Excelência – o conceito de luxo é efémero e utópico. É um conceito abstrato e volátil. Tem de ser perseguido e desafiado continuamente! Não são só as grandes empresas que o vão fazer (estão muito preocupadas com os grandes números e em proteger a sua quota), os atores terão também de ser os pequenos produtores que com a sua criatividade e audácia mais arriscam “fora da sua zona de conforto”. É fundamental que os clássicos se mantenham (Barca Velha, Pêra Manca, Chryseia, Quinta do Crasto, Niepoort, Taylors, Dow’s, ou Quinta do Noval Vintage Nacional, etc.) mas são precisos novos atores que, com a sua irreverência e inovação, possam “interpretar noutros palcos do futuro” (vinhos biológicos, naturais, altitude, talha, etc.…) e há excelentes promessas;
  • Online/Digital – é um tema incontornável em que Portugal está atrasado face ao resto da Europa e muito mais face à Ásia e América do Norte. No atual enquadramento (pós-covid) este fator passa a ter ainda mais relevo. Será fundamental que se invista muito em formação nesta área, com linhas de apoio/financiamento dedicadas, que pode ser um instrumento de alavancagem crucial, principalmente para os pequenos produtores, uma vez que no ecrã do computador ou do telemóvel têm o mesmo tamanho dos grandes!
  • Capacidade de Gestão/Ambição – talvez este tenha sido o maior problema dos empresários portugueses porque, no sector do vinho, um sector agrícola, muitas vezes faltou dimensão, know-how, experiência internacional estratégica. Mas está mesmo a mudar porque há uma nova geração de líderes a tomar conta das empresas com “mundo”, com outra visão e capacidade financeira, mais ambição, … e temos a AESE para os desafiar e atualizar!


A vinha e o Vinho no pós covid


Este processo em que estamos imersos pode durar alguns anos e, como sempre, para além dos que desistirem, os que sobreviverem ficarão mais fortes: serão as grandes empresas financeiramente sólidas e os pequenos/médios produtores com gestão moderna, flexibilidade, custos controlados e capacidade financeira, que podem aproveitar para criar mais valor, crescer e ganhar quota organicamente ou por aquisição.


O mesmo deverá acontecer na distribuição nacional. A grande distribuição/retalho ganhará ainda mais poder e quase todos vão apostar nos canais diretos ao consumidor (digital / clubes). No entanto, a grande maioria terá pouco ou nenhum sucesso com esta estratégia pois o “espaço digital visível” é muito pequeno e rapidamente ficará “sobrelotado” e, consequentemente, caro! A solução no mundo digital, como já acontece no “velho” mundo físico, aparecerá com o desenvolvimento de parcerias estratégicas com os atuais e futuros líderes do mercado online como aconteceu com a Farfetch, numa escala muito maior.


A atual crise pandémica só vem reforçar o desequilíbrio estrutural do sector caracterizado por um excesso de produtores/marcas que tem levado à compressão sistemática de margens (dos produtores e distribuidores a favor dos maiores players do retalho). A história ensina que o desenlace passará, inevitavelmente, pela redução do número de players a montante (fusões, aquisições e falências de produtores e distribuidores) e por uma maior profissionalização de todo o ecossistema.


Esperamos que estas reflexões sejam úteis para o desenvolvimento desta atividade relevante da economia portuguesa, que contribuam para a criação de mais valor que seja melhor distribuído no ecossistema alargado, que se esboçou nestes parágrafos.

Rita Lago da Silva

Diretora de Marketing e Comunicação da AESE Business School
Alumnae 1º PGL

O avanço da inteligência artificial e uma vida saudável mais prolongada colocam grandes desafios e oportunidades económica e socialmente. Como pode (e deve) a Formação Executiva adaptar-se e sobretudo como deve preparar os alunos para prosperar nesta nova economia em rápida mudança?

Robot-Proof: Higher Education in the Age of Artificial Intelligence – an insiders view

O avanço da inteligência artificial e uma vida saudável mais prolongada colocam grandes desafios e oportunidades económica e socialmente. Como pode (e deve) a Formação Executiva adaptar-se e sobretudo como deve preparar os alunos para prosperar nesta nova economia em rápida mudança?


O presidente da Northeastern University, Joseph E. Aoun, explora esta questão no seu livro, “Robot-Proof: Higher Education in the Age of Artificial Intelligence.” O livro aborda a temática fundamental nesta transformação, ou seja,  a aprendizagem ao longo da vida como resposta aos desafios futuros do trabalho e à necessidade de desenvolvimento e realização pessoal durante toda a vida, “any age, all the time.”


Em vésperas de se iniciar o reformulado ALP – Alumni Learning Program, o tema não poderia ser mais apropriado.


Segue um trecho do livro:


“As a matter of fact, precisely because the higher education sector largely has yet to shift its perspective in this way, others—most notably, for-profit colleges—have stepped in to fill the breach. Between 1990 and 2010, enrollment in for-profit colleges boomed in the United States and around the world. Much of this demand came from older students and working professionals who were attracted by the flexibility of the online model used by most for- profits. In academic year 2007–2008, for example, only 11 percent of students enrolled in for-profit colleges were the “traditional” college ages of eighteen to twenty-three. And although for-profit college enrollment has since receded as some have become embroiled in scandals over allegations that they overstated their graduates’ job placement rates, the overall trend clearly shows that the appetite for lifelong learning in the market is strong.


It is not only for-profits that have taken up the banner of lifelong learning. There also has been an upsurge in “corporate universities,” or in-house academies for training managers. General Electric is credited with pioneering the approach in the 1950s, and the model has exploded in recent decades. Boston Consulting Group estimates that their number doubled between 1997 and 2007, recently reaching about five thousand corporate universities world- wide. As a corollary to this model, some companies are partnering with nontraditional providers to offer further education to their employees. For example, AT&T is working with MOOC (massive open online course) provider Udacity to offer its employees the chance to upskill—and giving them negative performance reviews if they choose not to invest their own time in taking courses.


The “corporate university” model has many appealing facets. It allows companies to tailor employees’ learning to their particular business needs. It also can serve as a pipeline for training managers within the firm’s culture. At the same time, it fails to account for one of Warren Buffett’s basic investment tenets: stick to what you know. Very few enterprises besides colleges and universities are in the business of higher education. Thus, when companies set up in-house education programs, they are not playing to their strengths.


The rise of in-house corporate education is further evidence that higher education is sidelining lifelong learning to its detriment. Education is what colleges and universities do best, so companies should not have to take up the academic mantle. It makes better business sense to partner with the experts. If my university is interested in selling clothing in our school colors, instead of building our own garment factory, we outsource the job to an established clothing manufacturer. The very fact that for-profits and corporate universities have seen such growth shows that higher education is failing to serve its natural constituencies.


This missed opportunity is especially unfortunate because today’s professionals are facing challenges as profound as those faced by the workers of Pitman’s and Darwin’s day. Just like them, they are immersed in rapidly changing work environments to which they must adapt or risk losing their competitiveness. Just like them, the escalation of technology means that they must increase their uniquely human skills through further education. And just like them, in an increasingly complex economy, lifelong learning may well be the difference between their professional evolution and their economic extinction. In this context, the old Field of Dreams approach no longer suffices: universities cannot simply build monolithic programs and expect lifelong learners to show up. Instead, effective programs will have to be customized and personalized for the growing cadre of lifelong learners.”

Ler o livro

Pedro Nuno Ferreira

Economista | Alumnus do 9º Executive MBA AESE
Teaching Fellow na AESE Business School
Head of Automotive Financial Services e Membro da Comissão Executiva do no BNP Paribas Personal Finance Portugal

Temos escrito e lido sobre os impactos da COVID19 na economia, nas empresas, no consumo, nas contas publicas, na poluição, nos sistemas de saúde, na venda de automóveis e motos, no nosso caso, no financiamento da mobilidade e na venda de seguros, na executive education e no healthcare.


Vimos dar uma outra perspectiva dos impactos da doença, neste caso na vida de uma família e no trabalho e estudo dos elementos que compõem quando ocorrem casos positivos.

Caeteris Paribus beating COVID19

Temos escrito e lido sobre os impactos da COVID19 na economia, nas empresas, no consumo, nas contas publicas, na poluição, nos sistemas de saúde, na venda de automóveis e motos, no nosso caso, no financiamento da mobilidade e na venda de seguros, na executive education e no healthcare.


Vimos dar uma outra perspectiva dos impactos da doença, neste caso na vida de uma família e no trabalho e estudo dos elementos que compõem quando ocorrem casos positivos.


Enquadramento
A doença provoca, socialmente e em cada um de nós, algum medo e ansiedade, por vezes bem disfarçada, e isso leva a que a maioria de nós tenha cuidado, respeite as indicações da autoridade de saúde, use máscara no local de trabalho e nos locais públicos fechados, lave as mãos e utilize álcool gel frequentemente, cumpra a etiqueta respiratória e mantenha o distanciamento social indicado.


Há, todavia, quem não cumpra as indicações oficiais, porque não tem medo, porque não concorda com elas, porque acha que é super saudável e que nada lhe chega, e há quem o faça para chocar os outros ou apenas porque sim.

A COVID19 tem, na verdade, impactos profundos na saúde física e psicológica do contaminado, na sua família, na organização da sua vida familiar e no seu trabalho ou estudo, durante o período da infecção. As alterações nestes três âmbitos são profundas, intensas e requerem uma grande capacidade de adaptação e de resiliência.


Todos achamos que não nos vai acontecer e esse é o verdadeiro perigo: pode acontecer-nos a nós, quer sejamos prudentes ou não, e pode ser dramático. O elevado número de pessoas positivas assintomáticas eleva grandemente o risco e, consequentemente, a necessidade da prudência e do cumprimento das regras na nossa vida individual e social.


Diagnóstico
Quando uma pessoa se depara com os sintomas iniciais, geralmente dor de cabeça e um pouco de febre, presumirá que está constipado. Quando estes sintomas se agravam (o que por norma acontece rapidamente) leva ainda algum tempo a decidir procurar ajuda médica e a fazer o teste de despiste.

A espera para ser atendido nos centros de testes ou hospitais pode ser um pouco angustiante, e apresenta-se inevitavelmente como um primeiro momento de reflexão. Depois fica-se sem se saber o que se tem e aguarda-se o resultado.


Quando finalmente se recebe o resultado percebe-se o drama dos gauleses: o céu cai em cima da cabeça e começa aqui a verdadeira aventura!


Doença
A COVID19 não é um estigma. É altamente contagiosa, democrática, não conhece classes sociais e, uma vez curada, aparentemente (existem caso de reincidência, mas são muito raros), não tem recaídas. Como diria uma pessoa próxima, não é peçonha! Quando se está doente está-se isolado, quando se fica curado fica-se curado, livre e apto para a vida normal.


A doença pode ou não provocar sintomas ou ter efeitos mais ou menos graves sobre o infectado. Os sintomas podem incluir febre muito alta, híper transpiração, dor de cabeça, cansaço fácil e permanente, perda do gosto e do olfacto, perturbação do sono, falta de apetite, perturbações intestinais e perda acentuada de peso. Em casos mais agudos pode provocar falta de ar e outras complicações respiratórias. Quando concorre com outras doenças prevalentes o cenário pode ser complicado para o infectado.


A infecção implica isolamento em casa durante, pelo menos catorze dias, ausência de contactos com outras pessoas, quarentena para os familiares e outros contactos próximos, incluindo colegas de trabalho próximos.


Enquanto a pessoa testar positivo o isolamento prolonga-se por mais sete dias. O mais habitual é durar vinte e um dias, o que significa que as pessoas farão pelo menos três testes de zaragatoa.


No caso de sintomas fortes, a primeira semana é normalmente difícil, a prostração é grande e dificulta poder-se trabalhar e ter actividade intelectual mais intensa. Depois os sintomas vão aliviando e, ainda que se esteja positivo, já é possível, ter-se actividade, teletrabalhar, ler e estudar.


Isolamento
O isolamento significa que a pessoa deve ficar fechada no seu quarto, sem quaisquer contactos com terceiros. Neste contexto, caso viva em família, começa uma saga familiar para, simultaneamente, assegurar o isolamento total dos membros do agregado, a logística alimentar (compras e confecção) e a logística da higiene pessoal e da casa.


Uma família numa casa pequena pode verdadeiramente passar um mau bocado, ter ou potenciar desentendimentos e tensão adicional entre os seus membros.


A COVID é um verdadeiro teste à resistência física individual, à resiliência profissional e emocional do infectado e à união e força do seu agregado familiar.


Havendo filhos ou ascendentes a coabitar, este caldinho é tanto mais problemático quanto menor for a idade das crianças e maior for a idade dos ascendentes.


Trabalho
O infectado, se for activo e tiver gosto pelo trabalho, tentará não deixar de trabalhar durante a doença.


Poder trabalhar durante a doença pode ser, é de facto, uma bênção porque o isolamento, a ausência de pessoas e estar sem nada para fazer são algo mau.


Este tempo pode permitir pôr ordem em alguns assuntos pendentes, ter aquela conversa telefónica com um colega que se anda a adiar há algum tempo, pensar no que fazer para evoluir o negócio, como o optimizar e como fazer inovação disruptiva, por exemplo, pensar nos conceitos de explore e exploit, e encontrar iniciativas para os pôr em pratica, será um óptimo aproveitamento do tempo!


O impacto da doença pode ter impactos negativos no trabalho dos outros membros da família, gerando dificuldades e incompreensões nos seus locais de trabalho.


Uma empresa que tenha um surto intenso entre os seus colaboradores, com múltiplos infectados, pode ter uma dificuldade inesperada e instantânea, que será um teste ao seu business continuity plan, e à adequação deste a uma pandemia (cenário certamente nunca testado), para evitar uma interrupção da actividade.


Cura
Nem todos os doentes se curam. Infelizmente várias pessoas morrem e isso é irreparável e dramático para os seus e para todos nós.


Quando se vai fazer o teste para ver se já se está negativo é comum estar-se já esgotado, cansado do isolamento, como em princípio já se está bem há alguns dias, a ansiedade é grande e o desejo de liberdade é enorme. A sensação será semelhante à dos alunos que vão fazer um exame, que, apesar de terem estudado muito e bem, acham que vão chumbar porque sim! Este estado é tão mais intenso quantos mais testes se forem fazendo com resultado positivo.


Quando finalmente se testa negativo há como que uma explosão de alegria, quer-se abraçar os nossos, telefonar a toda a gente, dar a boa nova. É bom fazer isso, na realidade durante a doença é-se inevitavelmente menos simpático, o sorriso é mais amarelo e quem rodeia o doente ressente-se com isso.


Quando se testa negativo é bom festejar, as coisas boas são para festejar e as lições que a vida nos dá, antes do bem chegar, também.


Certo é que da cura se sai sempre com energia nova para conduzir melhor o futuro.


Oportunidade
Aprendemos mais das dificuldades do que da bonança. É um cliché, mas é um cliché muito apropriado.


A doença testa as capacidades individuais, físicas e emocionais, e as capacidades e a resiliência dos entornos pessoais e profissionais. Testa também a nossa resposta à dificuldade e à falta de controlo sobre as situações inesperadas.


Tudo na vida deve ser encarado como uma oportunidade. Neste caso, o período de isolamento, pode ser o momento em que se realiza, ainda mais, o que vale a respectiva família, o seu apoio e o seu amor, e a organização onde se trabalha ou se estuda, a boa organização que ela é, o seu apoio, o espirito de amizade que fomenta entre os seus colaboradores e os bons colegas que se tem. Para os que temos fé é também uma oportunidade para dar valor ao bem que se tem por se ter essa fé.


Em todas estas três dimensões da nossa vida, a COVID pode ser uma oportunidade magnifica e irrepetível de agradecer e que não pode ser desperdiçada.

Optimismo
O optimismo é uma característica dos humanistas, que consideram que o futuro, todo o futuro, será sempre melhor do que o presente, esse deve ser o nosso pensamento e a nossa orientação nesta situação dramática que calhou ao nosso tempo.


A esperança traz ética ao optimismo, convém aproveitar para “reforçar” estas virtudes enquanto esperamos por uma cura e por uma vacina eficazes.


Cada uma de nós espera que os outros tenham uma atitude positiva e responsável, para haver cura, menos contágios, crescimento económico e confiança. Isto implica responsabilidade pessoal e colectiva, fazer tudo para que a doença não se propague e simultaneamente confiar que seremos capazes de a conter.


Este artigo foi escrito com base numa experiência pessoal “intensa” e visa ajudar os leitores a melhor se prepararem para os impactos que a pandemia pode ter, directa ou indirectamente, na sua vida pessoal, familiar e profissional.

As opiniões expressas neste artigo são minhas e não vinculam nem BNP Paribas Personal Finance nem a AESE Business School.

A versão em português deste artigo segue a grafia oficial e única da Língua Portuguesa anterior ao ilegítimo pseudo novo acordo ortográfico de 1990 ao qual o autor oficial e radicalmente se opõe.

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