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As eleições nos Estados Unidos, por João de Almeida Dias

20/10/2020

A proximidade das eleições no Estados Unidos, a 3 de novembro de 2020, foi motivo do Agrupamento de Alumni da AESE trazer a debate as problemáticas relacionadas com a escolha de vários cargos públicos com elevado poder de decisão, numa das grandes potencias mundiais.


Para ajudar nesta reflexão, o convite do Agrupamento foi dirigido a João de Almeida Dias, Jornalista Internacional do Observador.


O que é que aconteceu em 2016?
A 8 de novembro de 2016, “mais importante do que Donald Trump ter ganho as eleições foi Hillary Clinton tê-las perdido”. João de Almeida Dias estava nos EUA à data e viveu in loco o acontecimento que teve para muitos um resultado inesperado. Na verdade, muitos dos Nova Iorquinos que haviam votado em Barack Obama no sufrágio anterior não se reviam na também democrata Hillary Clinton; nem tão pouco reconheciam qualidades em Donald Trump. Todavia, o descontentamento com políticas polémicas tomadas anteriormente pelo marido da candidata, Bill Clinton, fizeram com que os votos migrassem para outro partido.


Segundo João de Almeida Dias, a vitória disputou-se nas franjas sociais: registou-se uma diferença de 7 % dos votos da comunidade afroamericana, entre o resultado obtido por Obama (95 % ) e Hillary Clinton (88 %). A candidata teve 65 % dos votos por parte de emigrantes provenientes da América Latina, contra 29 % favoráveis ao seu concorrente. Entre os eleitores caucasianos, a preferência recaiu em Donald Trump, com 55 % versus 37 % dos votos.


O surgimento de Donald Trump como figura política, saída do mundo do entretenimento, ganhou igualmente preponderância por utilizar nos media uma linguagem próxima dos americanos, descomprometida com CEO’s e líderes com poder de decisão.


“As sondagens não falharam a nível nacional”. Porém, “em estados chave como Wisconsin, Pennsylvania e Michigan as amostras da sondagens não foram fiéis àquilo que acabou por ser o eleitorado de 2016. Previam mais participação de minorias do eleitorado urbano do que aquilo que veio a verificar-se e subvalorizaram aquilo que acabou por ser a participação do eleitorado rural, tendencialmente branco. A soma dos votos que Donald Trump teve em vantagem nestes 3 estados não chega sequer a 80 mil pessoas”, número  suficiente para lhe garantir a residência na Casa Branca.


O que se passou desde então?
Em 2017, o movimento “Me too” que deflagrou entre personalidades femininas de Holywood, que acusaram homens poderosos de assédio sexual, “acentua uma guerra cultural” logo no início da presidência de Trump. Mais do que um conflito entre géneros evidenciou-se um antagonismo intergeracional.


Em novembro de 2018, as eleições intercalares reforçaram a predominância republicana no Senado, todavia a Câmara dos Representantes passou a ser democrática. “O Partido Democrático vence as eleições apesar de si próprio, na minha opinião.” “Fica ainda mais evidente a “esquizofrenia” do partido democrata”, refere o jornalista do Observador, que “choca de frente com uma América mais branca, mais cristã e da geração de Baby Boomers”. Por outro lado, “os Republicanos passaram a estar mais à imagem de Donald Trump”, mesmo aqueles que se mostraram críticos com o Presidente, nas primárias em 2016.


Acrescenta-se ainda a dúvida, em 2019, sobre a investigação do alegado e não confirmado conluio entre a campanha de Trump e o Kremelin, que contribuiu para o aumento da polarização  do ambiente sócio político nos EUA.


Mais tarde, a questão do  impeachment do Presidente surge na sequência do inquérito conduzido pela Câmara dos Representantes ao revelar que Donald Trump solicitara ajuda à Ucrânia para interferir na sua reeleição em 2020.


Neste ano, o fechamento das fronteiras com a China a pretexto da pandemia do Covid -19, as conferências de imprensa e as gafes cometidas pelo Presidente que revelam um desgaste das instituições, o grande improviso nas medidas tomadas por parte desta Administração e a morte de George Floyde foram alguns dos episódios considerados pelo convidado como incontornáveis.


O que esperar das eleições de 2020?
A grande questão para João de Almeida Dias é “quem irá votar?” Os desafios apontados consistem: no risco da abstenção, numa situação de voto em pandemia; na opção de voto por parte de eleitores que representam as minorias; e, por fim, o comportamento das eleitoras femininas das áreas suburbanas.


Depois da apresentação de João de Almeida Dias, seguiu-se um período de debate no qual participaram os Alumni da AESE a assisir remotamente à sessão.

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