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Sílvia Nunes

Executive Manager (Finance, Banking, Tax & Legal e Human Resources) na Michael Page

Não cresço por fazer um conjunto de coisas bem, cresço por ser capaz de fazer crescer um conjunto de pessoas.” Esta a definição de liderança de Sílvia Nunes, participante no OSA da AESE, que gostava de ter aprendido esta lição mais cedo. A Diretora da Michael Page e Fundadora do Profiler Podcast, explica a inportância de conciliar a vida profissional e pessoal para se sentir feliz.

 

Quem é Sílvia Nunes?
SN: Tenho 43 anos, dois filhos, dois rapazes, sou licenciada em Gestão.

Comecei por trabalhar naquilo que foi, de facto, o meu primeiro grande objetivo: trabalhar numa função completamente financeira na PwC, uma das grandes consultoras.

Depois, surgiu-me um contacto e um convite para mudar totalmente de área e assumi, em 2005, novas funções, neste caso, nos Recursos Humanos. Fui trabalhar para a Michael Page onde estou até hoje.

No curso, sempre achei que iria para finanças, que ia ser financeira toda a minha vida, mas o certo é que no decorrer da minha experiência na PwC, aquilo que era destacado nas minha funções, nunca era algo de competência técnica, mas sempre aquilo que era a forma como eu estabelecia relações. E foi isso que me fez ponderar esta passagem para a vertente dos recursos humanos e já lá estou há quase 17 anos. Portanto, o meu caminho é por aqui, e aquilo que gosto mesmo é de trabalhar com tudo o que tenha a ver com pessoas.


E quais são os principais marcos da sua vida profissional?
SN: O primeiro, efetivamente, foi ter metido na cabeça que ia trabalhar na PwC e ter conseguido. Até porque, na altura, me diziam que com o curso de gestão na universidade privada onde estudei “as pessoas até não entram…”.

Depois, acho que em tudo na vida é preciso um bocadinho de coragem e eu tinha tudo para duvidar desta potencial mudança das finanças para os recursos humanos. O que é que iria fazer? Havia-me licenciado em Gestão, em Finanças. E, para mim, é um marco ter tido a coragem de aceitar este desafio e de ter percebido, que independentemente do meu caminho ter sido um, para a frente terá de ser outro.

O marco é talvez este, de ter tido a coragem de dizer sim a um projeto completamente díspar do que tinha pensado para mim até então.

O terceiro é ter chegado hoje à forma ou à capacidade, da maneira que considero ser a liderança e como a exerço. Ou seja, a capacidade que tenho de exercer uma função de líder é para mim um marco muito grande, porque venho de um exercício de uma liderança à antiga, isto é, muito mais austera, muito mais autoritária, de alguém que está lá em cima e dita instruções cá para baixo.

Trabalhando muito isso, estou muito consciente sobre a forma como eu estava a trabalhar e fui percebendo que aquela não era nem a forma correta, nem a forma que me fazia sentir feliz. Fui fazendo o caminho muito mais ajustado àquilo que sou, muito mais ajustado a este perfil conciliador e agregador e que trabalha em prol daquilo que é um conjunto de pessoas que quero que trabalhem felizes, motivadas mas que, sobretudo, sintam no seu dia-a-dia que aprendem, que estão a desenvolver um caminho pessoal,  profissional e, naturalmente, o meu crescimento acabará por vir com isso.

Não cresço por fazer um conjunto de coisas bem, cresço por ser capaz de fazer crescer um conjunto de pessoas. E aí o paradigma mudou de forma completamente radical para mim.

O outro marco foi esta capacidade que tive, com ajuda naturalmente, de mudar completamente o meu mindset relacionado com a liderança.


Qual é a relevância da formação profissional e do desenvolvimento pessoal?
SN: Toda. Honestamente, acho que toda. Porque ao longo da vida, temos sempre de ser permeáveis à aprendizagem. E a aprendizagem pode vir por inúmeros vetores, mas a formação especializada é naturalmente um deles.

Primeiro, por uma necessidade de atualização. Acho que é um conjunto de matérias e de conteúdos que aprendemos lá atrás e que vão evoluindo, que nós debatemos hoje de uma maneira completamente diferente. É uma questão de informação, de atualização, de curiosidade, de update daquilo que são os nossos conhecimentos.

Depois, porque efetivamente vão surgindo novas ideias, novas formas de pensar que não eram estudadas. E tudo isto complementa aquilo que fazemos.

Quando nós já estamos a trabalhar há alguns anos e voltamos a estudar, o retorno é completamente diferente, porque nós conseguimos colocar temas no nosso dia quando estamos a aprender e depois levamos de imediato essa aprendizagem para os temas do dia-a-dia. Há uma correlação direta quase que imediata.

A aprendizagem faz parte do desenvolvimento profissional, mas faz parte também do desenvolvimento pessoal, porque nenhuma delas está dissociada da outra.

Se tivermos a oportunidade, periodicamente, de nos propor a aprender e, neste caso, num formato mais especializado, mais organizado, etc., acho que é ouro sobre azul para ir complementado com aquilo que é o nosso desenvolvimento profissional e o nosso desenvolvimento pessoal.


É com este mindset que surge o seu projeto de podcast, para o qual convida pessoas inspiradoras?
SN: O podcast é um projeto pessoal. Há muitos anos que eu pensava: “que pena que só estou eu nesta reunião, a ouvir estas pessoas a falar”, porque trabalho sempre muito no conceito da partilha, a partilha em vários formatos.

Se eu sei, tenho de transmitir e se não sei, tenho de saber de alguém que sabe para eu aceder a essa informação. Quanto mais partilharmos, mais fluxo de informação há, mais outras pessoas estão mais informadas e tudo decorrerá de uma maneira muitíssimo mais positiva.

É nesse conceito da partilha que assenta o conteúdo do “Profiler” que é o podcast que comecei a fazer em janeiro, onde me sento a conversar com desconhecidos – como costumo dizer-, pessoas que têm feito carreiras profissionais e que chegaram onde chegaram seja isso o que for. Isto é, não convido pessoas porque têm a função A ou a função B. Eu convido pessoas que têm um conteúdo, um percurso, um caminho que é diferenciador, que se esforçaram muito para atingi-lo e hoje estão felizes a fazer aquilo que fazem. É esse caminho que torna aquelas histórias numa inspiração para quem nos possa ouvir. Assim surgiu esta ideia que tenho vindo a desenvolver. Já tenho mais ideias para levar este formato a outras instâncias.

 

Sempre se sentiu feliz a conciliar o trabalho com a família, ou foi aprendendo a fazê-lo ao longo do tempo?SN: Preciso das duas coisas para ser genuinamente feliz. Se estiver só mais dedicada à família e descurar o meu trabalho, imediatamente os meus filhos vão sentir que têm uma mãe menos realizada em casa. E o contrário é exatamente igual. Se tiver a minha família numa altura menos estável por qualquer razão, isso reflete-se imediatamente na minha performance.

Esta conciliação é mesmo necessária, porque para mim estes lados não são separados. Acho que são intrínsecos um com o outro e um não existe sem o outro.

Acho que requer muita organização, muita vontade, e penso que consigo fazer essa conciliação por duas razões: a primeira, porque tenho muito apoio para o poder fazer e penso que esse apoio é fundamental. Houve alturas em que não pedi este apoio e as coisas não correram tão bem, pelo que considero que devemos levantar a mão e pedir ajuda. Estava em modo de super mulher e não precisava de nada. Isso é completamente falso, precisamos sempre de ajuda, mesmo quando não pedimos, a ajuda é sempre bem-vinda.

O segundo fator é porque faço recorrentemente um exercício de consciência para perceber de que forma é que tenho ou não tenho isto balanceado. Às vezes, achamos que conciliamos, mas é uma conciliação muito falsa, porque vista de fora, de balanceado não tem nada. Portanto, eu faço-o, porque preciso efetivamente de saber se estou a conciliar de uma forma equilibrada, ou se estou a tender mais para um lado ou outro, e se há razões ou não. Isso pontualmente acontece, mas há que ir tentando sempre ajustar.

 

Como é que o OSA surgiu na sua vida? E de que forma tem contribuído para transformar o seu percurso?
SN: O OSA surge na minha vida, porque tenho o privilégio de trabalhar numa empresa que identifica este tipo de formações e propõe-nas aos colaboradores. Tive a sorte, com algumas colegas, de sermos chamadas a analisar este conteúdo programático para validarmos se fazia sentido para nós, nesta fase da carreira. Naturalmente que neste ambiente o conteúdo era uma oportunidade única, víamos que fazia todo o sentido e viemos três colegas.

E depois entrou de uma forma curiosa, no sentido da forma como tenho estado disponível a fazer o OSA. Nós podemos inscrever-nos nas formações todas, mas se depois não viermos efetivamente com a predisposição para bebermos o mais que pudermos, então é muito menos útil do que aquilo que poderia ser. E, portanto, aquilo que destaco no OSA, tem que ver com isso.

Para já, somos “obrigados” a parar e a estar. Acho que isso é extraordinário, ter uma formação que nos obrigue a parar e a estar com a cabeça aqui, a 100 % e a preparar os conteúdos.

Depois, a maneira como paramos para pensar. O método do caso é uma forma extraordinária de abordar os temas, porque não me ensinam uma determinada matéria hoje e vou trabalhá-la amanhã. O caminho é exatamente o inverso. Começo a trabalhá-la sozinha, depois debato-a em grupo com outras participantes do OSA e, por último, chega o especialista ou o professor que vai explicar como é, como se trata, quais é que são as exigências, como tudo se coordena. É um caminho completamente inverso do que eu estava habituada até então: a mensagem fica e perdura.

Acho que a maneira como o OSA está a entrar na minha vida é realmente transformador.


As suas expectativas foram a ser superadas?
SN: As minhas expectativas foram superadas, em primeiro lugar, pelo método do caso, que acho extraordinário. Depois, na relação que há entre os professores e os alunos. Há muita facilidade em aceder aos professores, em tornar a exposição de uma matéria numa conversa, em debater temas paralelos que acabam por se juntar àquele que é o fulcral da sessão. Há muita abrangência no conteúdo. Podemos conversar, intervir, debater. Não é um professor a dar uma aula, é uma conversa com variadíssimos intervenientes. Acho que isso dá-nos imenso.

Depois, o próprio grupo. O grupo traz um conjunto de experiências, de partilhas, de pensamentos, de ideias completamente diferentes dos nossos e tudo junto tem um resultado melhor. Isto requer de cada um de nós, um exercício de adaptação e se estamos há muito tempo nas empresas, já não fazemos esse exercício. Também por aqui acho que supera. Foi a trabalhar em conjunto, desde o primeiro dia, que acabámos de nos conhecer.

E, depois, a expectativa do que fica, aquilo que efetivamente apreendemos, de uma forma que se sente quase que não se está a estudar. Adquiri conhecimentos, mas não estive propriamente sentada a estudar. Foi com base em exercícios muito práticos, muito pragmáticos, com muito pouca teoria.

Para mim, para a minha forma de ser, de trabalhar, isso faz imensa diferença e daí ter superado as minhas expectativas.


Como se desenvolve o network, ao longo do Programa?
SN: Estas formações são também uma forma de nós alargarmos a nossa rede de networking. Mas o vir e conhecer pessoas não é por si só alargar a rede de networking. Nós temos também de estar aqui e interagir com as pessoas, conversar com elas, conhecê-las, perceber quais é que são as suas áreas de especialidade, qual é que é o seu tipo  de know-how. Porque o networking vale-nos muito para podermos recorrer, ou para as pessoas poderem recorrer a nós. Identificarem as nossas valências no sentido de desbloquear, de irmos desbloqueando situações do nosso dia-a-dia. Eu não sei, mas sei quem sabe. Conheci uma pessoa no OSA que sei que tem esta matéria dominada, ou sei daquela pessoa a quem preciso de chegar. É ter disponibilidade para estar com as pessoas, para conhecê-las, para ouvi-las e, depois, transformar isto no nosso dia-a-dia, numa rede efetiva, que tenha uma relação bilateral e que possa perdurar no tempo.

Estas formações são genuinamente uma fonte ótima de networking. Falo dos participantes, como falo das pessoas na AESE, dos professores que de alguma forma nos podem facilitar, nos podem ajudar, nos podem melhorar.


Quais são as três lições que gostaria de ter recebido no início da sua carreira?
A primeira é que, aquilo que nós estudamos é um conjunto de ferramentas para o que quisermos fazer no nosso dia-a-dia. Ou seja, nós não somos reféns daquilo que estudamos, não somos reféns do nosso conteúdo académico.

Isso foi uma coisa que aprendi mais tarde, quando decidi mudar rapidamente de área e onde fui muito questionada.

A segunda é que quando temos efetiva convicção de que algo é o melhor para nós, há que procurá-lo suportados pela opinião e ajuda das pessoas do nosso entorno que consideramos que devemos ter nas várias vertentes da nossa vida.

Há um exercício que acho que devemos fazer e que sugiro que se faça, e que é ter sempre uma matriz quase que atualizada de quem são as duas, três pessoas que me podem ajudar numa tarefa. Seja uma questão de tipo profissional, seja uma questão mais de tipo pessoal.

Ter uma ideia muito clara de quem é a nossa rede de suporte num conteúdo alargado de matérias. Se precisar de ajuda numa área com marketing, vou pedir ajuda a estas três pessoas. Se precisar de ajuda numa área de finanças, vou pedir ajuda àquelas. Se precisar noutro tema qualquer, sei a quem tenho de recorrer.

Tendo nós esse suporte, esse tipo de aconselhamento minimamente garantido, acho que temos de ser convictos do que achamos que é efetivamente melhor para nós, depois de termos sido devidamente suportados e ter coragem para assumir isso.

Não dá para voltar atrás e saber como é que era se tivesse feito diferente, mas provavelmente era muito menos feliz se tivesse continuado no mundo das finanças e foi necessário do meu lado uma coragem grande de assumir que é efetivamente por aqui o meu caminho. As linhas não têm de ser retas.

Terceira, a liderança está longe de ser uma missão autoritária, de ser alguém que está lá em cima e que dita duas ou três medidas cá para baixo e as coisas aparecem feitas. Acho que demorei muito tempo a aprender isto, de que um líder é um perfil conciliador e agregador que faz com que coisas aconteçam. Que não está focado em si próprio, no seu crescimento, no seu mérito, no seu atingir de resultados. Um líder é aquele que consegue fazer movimentar um conjunto de pessoas, que as agrega, que as concilia, que as une, que as forma, que as motiva, para que esse conjunto faça com que coisas boas aconteçam. A liderança é uma consequência daquilo que nós fazemos aos outros. E não, uma consequência daquilo que nós fazemos a nós próprios. Esta é a maneira não só mais fácil, como a mais inteligente e mais win-win para chegar aos outros.

Este tipo de ensinamentos devia ser um conteúdo programático académico, porque as pessoas mais novas assumem cada vez mais papéis e coordenar uma pessoa é liderar, é liderar os outros mas é liderarmo-nos a nós próprios. Naturalmente que há um conjunto de valores, de atitudes, que vem da educação, da família, porque a escola não faz tudo, mas para integrarmos o mundo profissional, para esta aproximação à vida ativa, este tipo de aprendizagem devia ser feita de início.

 

Recomenda o OSA?
SN: Recomendo o OSA, claro. O método do caso, a proximidade que há entre professores e alunos, o conjunto de pessoas que se conhecem, a oportunidade que temos de alargar, de trabalhar mais ainda o nosso network são fatores que todos juntos, fazem com que seja fácil aprender.

Acho que temos de vir predispostos a trabalhar, a aprender, a ouvir. A forma como é passado o know-how, a relação de proximidade entre professores e alunos, o conjunto de pessoas e depois, também, a forma como nós somos capazes de reter pelo lado prático com que a formação do conteúdo é escolhido, acho que tudo isto junto faz diferença. É impossível não fazer a diferença.

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