Gonçalo Caseiro, Presidente do Conselho de Administração da INCM
Alumnus do PADE
Feliz naquilo que faz e ciente do percurso percorrido até à data, Gonçalo Caseiro colocou a experiência do setor privado ao serviço do interesse público. Presidente do Conselho de Administração da INCM, o seu caminho cruzou-se com o da AESE de forma a frequentar o PADE – Programa de Alta Direção de Empresas. Grato pelos líderes que o inspiraram, acredita que “o foco no rigor na gestão”, não basta… é preciso encará-la “como um conjunto de valores e de objetivos”, assegurando a sustentabilidade e encontrando novas soluções para o futuro.
Quais os principais marcos na sua trajetória profissional que contribuíram para chegar à posição de Presidente do Conselho de Administração da Imprensa Nacional – Casa da Moeda (INCM)?
É desde já difícil responder a esta pergunta e individualizar acontecimentos em concreto. Acredito que somos o resultado das experiências que temos, das decisões que tomamos. O hábito não faz o monge, como diz a sabedoria popular, mas a prática certamente sim. Estou certo de que cada momento da minha trajetória profissional foi relevante para a pessoa que sou hoje e para o lugar que ocupo, bem como a minha formação profissional e humana.
Da academia trouxe a importância do trabalho em equipa e do trabalho colaborativo e, dos organismos da Administração Pública onde trabalhei, e até da experiência no setor privado, adquiri o interesse e a dedicação ao serviço público e o sentido de missão de contribuir para algo maior. Com os trabalhos associativos, conquistei a liberdade de pensamento e a valorização da experimentação para estudar, investigar e criar novas soluções. E nos eventos, nacionais e internacionais, em que vou participando ou nos artigos que publico tenho a oportunidade de sistematizar todas as experiências que vou recolhendo, confrontar ideias e partilhar pontos de vista. Por outro lado, as instituições, com a sua cultura e as pessoas que a compõem, também nos vão moldando e eu tive o privilégio de aprender muito com todas e com todos aqueles que fazem parte da INCM.
Felizmente faço aquilo que gosto e trago todo este percurso comigo diariamente.
Quais foram as suas principais conquistas?
Assumi um lugar de gestão numa grande empresa multicentenária, cheia de história, de indústria e de cultura, tendo como principal responsabilidade continuar a construir o seu futuro, honrando o seu passado, as trabalhadoras e os trabalhadores e todos aqueles que me antecederam.
Mas, ao contrário do que seria expectável, não encontrei de forma evidente esse confronto entre o passado e o futuro. Na INCM todos os colaboradores, dos artesãos aos meus colegas no conselho de administração, assumiram o propósito de inovar na oferta de produtos e serviços, a coragem de abrir as portas à academia para abraçar a I&D, o risco de exportar tecnologia portuguesa, porque isso, esse foco nos produtos de excelência e no cliente, sempre fez parte do ADN e da cultura da instituição.
Diria que a principal conquista foi criar esse propósito e manter e renovar os valores que sempre diferenciaram a empresa e com isso posicionar a instituição no futuro, contribuindo para assegurar a sua sustentabilidade. Já passámos do papel ao digital e já experimentamos no presente as novas soluções do futuro. O propósito trouxe-nos estas conquistas.
Quais as principais lições que o tornam o dirigente que é hoje?
A aprendizagem é contínua. Diria, em primeiro lugar, que a academia foi muito relevante, desde os tempos de estudante no IST. No Técnico aprendemos a ser líderes, a cuidar de quem está ao nosso lado ou no nosso grupo, os projetos e as grandes obras de engenharia não se fazem individualmente. Depois, obviamente, a formação de excelência como a da AESE, onde não temos apenas o foco no rigor na gestão, mas encaramos a gestão como um conjunto de valores e de objetivos.
Depois tive o enorme privilégio de ter tido, eu próprio, a possibilidade de seguir um conjunto de líderes notável. E, cada um, de forma particular, me ter ensinado e feito ver diferente e mais longe. Isto aconteceu ao longo de toda a minha carreira. Uma lição profissional e uma lição de vida.
Quais os valores pelos quais se rege e que transmite às suas equipas?
Liderar continua a ser conhecer, criar empatia, para influenciar para um propósito comum. Se o fizermos, estamos a colocar o indivíduo no centro e, consequentemente, a obter o melhor de cada um.
Mas é preciso criar esse tal propósito inspirador. E, em muitos casos, dar liberdade. Liberdade para experimentar (e errar), porque, muitas vezes, temos de ousar fazer diferente, procurar algo novo. É esta motivação para criar algo, seja uma ideia ou um grande projeto, que procuro transmitir a todas as equipas. Assim sendo destaco, sem dúvida, o trabalho, a inovação, a autonomia, a sustentabilidade.
Se pudesse recuar no tempo, o que faria diferente?
A vida é demasiado curta para arrependimentos ou, como diria um dos nossos poetas, para desejar o que poderia ter sido ou a saudade do que nunca houve.
É positivo sentirmos que faríamos alguma coisa diferente, que tomaríamos outras opções. Significa que crescemos, aprendemos, mas não consumo energia a reviver nenhum momento passado nesses termos.
Profissionalmente, como se vê daqui a 5 anos?
O futuro terá certamente a arte e o engenho de destruir quaisquer planos. Porém, espero ter o prazer de ver pessoas, que ajudei a formar e a crescer profissionalmente, a ter sucesso, dentro de um conjunto de valores e princípios que nos façam caminhar para um mundo melhor. E espero poder continuar a contribuir para concretizar projetos e/ou políticas sustentáveis, que tenham um impacto positivo na sociedade e nas pessoas. O essencial são sempre as pessoas. E o futuro será sempre um campo de oportunidades e de descobertas, às vezes totalmente inesperadas.