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IA a inspirar uma transformação com valor acrescentado para todos
21/03/2024
A Inteligência Artificial esteve em debate na AESE, a 21 de março de 2024. O Agrupamento de Alumni da AESE organizou uma sessão do Alumni Learning Program subordinada ao tema “IA: o futuro mais tangível”, de modo a desmistificar os riscos que a tecnologia pode aportar e, inclusivamente, demonstrar o valor acrescentado a trazer às empresas e às instituições.
Para isso foram convidados 3 dirigentes de instituições com casos práticos de implementação de IA nos seus negócios. O Banco de Portugal e o Hospital de Santo António deram disso exemplo de concretizações realizadas com sucesso.
A IA ao serviço da sua empresa
Paulo Dimas, VP Product Innovation da UNBABEL e co-promotor do Centro para a Inteligência Artificial, foi um dos oradores convidados.
Líder de uma empresa em franca progressão pela recetividade do mercado ao tema da IA, o orador apresentou dados da McKinsey, que estimam que o PIB português poderá crescer em cerca de 10 vezes, entre 2020-2030. O estudo prevê também que o Impacto Global da IA tenderá a aumentar em 2.8% na banca, 2.6% no setor Farma e de produtos farmacêuticos e 2.2% na formação.
A empregabilidade transformar-se-á, naturalmente, com posições tendencialmente mais expostas à IA, verificando-se uma maior complementaridade de comunicação, de relevância e de responsabilidade, fito a um desempenho mais eficiente.
“Mitigar o risco de extinção” de postos de trabalho como se conhecem – “causado pela IA,- deve ser uma prioridade global, a par de outras prioridades à escala social, como pandemias e guerra nuclear.” Ao invés de colocar a tónica no receio pela destruição da humanidade, há que apostar na sua capacidade de evitar a sua extinção. Problemas como o valor da veracidade na comunicação, da credibilidade dos resultados gerados, e da sustentabilidade implica repensar um modelo de negócio de forma inovadora. Indústrias líderes devem apresentar soluções para problemas mundiais globais, com um sentido de urgência, centrado num produto e assente numa pesquisa colaborativa. No Hospital de S. João está a ser implementado um projeto-piloto de telerreabilitação pós-cirúrgica, na futura ULS.
A Saúde gerida com IA
A utilização de Inteligência Artificial nas salas de cirurgia tem promovido mudanças significativas na qualidade do serviço prestado e acelerado o processo de transformação.
Dando voz à experiência vivida no Centro Hospitalar Universitário do Porto, Ivone Silva, Diretora dos Blocos Operatórios, encontra vantagens na IA na superação de “constrangimentos económicos e financeiros das infraestruturas, de recursos humanos e técnicos”, a que um Hospital Público está sujeito. Há que “apostar na transformação, na inovação e na diferenciação”, com particular atenção à “motivação dos profissionais”, a fim de garantir a retenção de talento. No Hospital de Santo António, o plano de ação foi desenhado tendo em conta a procura de soluções, a priorização das necessidades, a análise do impacto e a avaliação financeira das medidas empreendidas. Foi desenvolvido um trabalho de Benchmarking, auscultação de vários profissionais e de especialistas multidisciplinares. Na verdade, o trabalho colaborativo foi chave num projeto que teve o seu início em março de 2023. Os resultados são mensuráveis, desde: o desenvolvimento de sistema Bio feedback, com AI e visão por computador; a sobreposição de holograma radiológico, a redução de deslocações e do número de pessoas no bloco. A satisfação dos alunos aumentou em 80%. Com o planeamento cirúrgico Inteligente, constatam-se mais 8% de operações realizadas. O agendamento das cirurgias passa a ser gerido automaticamente, com a possibilidade de se estimar o tempo de duração das mesmas e com acesso a um dashboard de suporte à tomada de decisão.
A oradora mencionou ainda os impactos da aplicabilidade da IA no que respeita aos custos e à literacia em saúde.
IA no Banco de Portugal
A gestão de tarefas manuais e repetitivas e o elevado volume de documentos competiram para que a IA fosse vista como um agende de transformação desejável. A existência de fontes de informação dispersas e de dados não estruturados criaram o “momentum” da Transformação digital no Banco de Portugal, segundo Carlos Moura, CIO – Head of IT Department da instituição.
No seu entender, “a IA reduzirá o custo dos serviços que são suportados em tarefas que podem ser reformuladas como problemas de previsão”, numa lógica estratégica de “data driven”. Da integração ao consumo, o esquema funcionará a nível do processamento de dados, de acordo com modelos analíticos avançados, a fim de converter dados não estruturados em organizados. Carlos Moura avançou com exemplos, no que toca a: pedidos de informação, reclamações, minutas de contratos de crédito, análise de sentimento de mercado, validação da publicidade, entre outros. A limite a evolução analítica da informação, basicamente descritiva e de diagnóstico, de 2017 a 2023, com a IA tem- se tornado preditiva e prescritiva (2021 a 2023), no sentido generativo, como se pretende de 2024 em diante.
O convidado questiona se “as organizações estão conscientes do nível de investimento que tem de fazer na camada dos dados e nas competências nos seus recursos para ser possível criar valor com modelos de IA”. “Os líderes das organizações e, em particular, os líderes das áreas de tecnologia e dos dados, têm um papel fundamental no sentido de inspirar os seus pares, de ser possível fazer evoluir formas de trabalhar e aliar a IA ao Talento Humano, que existe nas nossas organizações.”
O debate, moderado pelo Contra-Almirante António Gameiro Marques, Vice-presidente do Agrupamento de Alumni da AESE, foi gerido com otimismo, de forma que a audiência pudesse avaliar o potencial contributo que a IA pode gerar no negócio e na sociedade.
Seguiu-se um período de perguntas e respostas que se alongou, graças ao facto de ser uma matéria que suscita grande atenção.
Depois de destacadas as tendências, o debate foi estendido à audiência presente em sala.
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