O impacto de 6 meses de teletrabalho nas nossas vidas - AESE Business School - Formação de Executivos

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O impacto de 6 meses de teletrabalho nas nossas vidas

21/01/2021

O resultado do inquérito aos Alumni revela que a saúde mental está muito mal, apresentando níveis elevados de ansiedade e depressão.  Diante das várias  dificuldades relacionadas com a pandemia , o médico psiquiatra Pedro Afonso propõe:  “A esperança é o melhor remédio para combatermos o medo e a incerteza. Quem tem funções de liderança nas empresas deve procurar transmitir este sentimento a todos os seus colaboradores.”


O Psiquiatra Pedro Afonso foi o convidado da AESE para abordar o estudo  que desenvolveu recentemente sobre “O impacto de 6 meses de teletrabalho nas nossas vidas”. A pretexto da sessão do ciclo Lifelong Learning do Alumni Learning Program, realizada a 21 de janeiro de 2021, Pedro Afonso, também Professor da AESE, respondeu a uma breve entrevista:


Quais as prinicipais conclusões que se podem tirar do impacto de 6 meses de tele-trabalho na vida dos portugueses?

PA: “A principal conclusão é que o entusiamo inicial que havia relativamente ao teletrabalho tem-se vindo a perder. Existe atualmente um desgaste e um cansaço psicológico devido à permanência prolongada neste regime laboral. Julgo que a principal razão se deve o facto de o teletrabalho estar a ser imposto (por razões de saúde pública) em regime de exclusividade, em vez de ser realizado em regime optativo e a tempo parcial. Tal como referi na sessão com os Alumni da AESE, o teletrabalho tem vantagens e desvantagens. A principal desvantagem é o isolamento social e a perda da chamada “psicoterapia laboral” que só o trabalho presencial permite. Nós precisamos de estar juntos uns com os outros. O ser humano precisa de socialização. Este aspeto é essencial para a nossa saúde mental, mas também para se poder criar laços entre as pessoas, estabelecer um espírito de equipa e fomentar a criatividade. Com frequência, as boas ideias e as soluções para vários problemas nascem de uma conversa de corredor ou no convívio numa pausa para o café. Por esse motivo, defendo que no futuro o teletrabalho possa ser optativo e aplicado num regime misto, alternando com o trabalho presencial.”


Como está a saúde mental dos dirigentes e executivos, em Portugal ? Tem dados comparativos do resto da Europa e do mundo?

PA: “Respondendo numa palavra: está bastante mal. No inquérito que fizemos aos Alumni da AESE, através de uma escala de avaliação verificámos que 28 % apresentava níveis patológicos de sintomas depressivos e 49 % níveis patológicos de ansiedade, o que é significativo.

Obviamente que estes valores não podem ser exclusivamente da responsabilidade do teletrabalho. Estão também relacionados com o ambiente de stress que se vive com a pandemia, nomeadamente com os vários problemas e dificuldades económicas que as empresas e as famílias estão a atravessar. Este é um sinal evidente de que a crise que estamos a viver está a ter um impacto negativo na saúde mental. Existem ainda poucos dados publicados para se poder fazer um comparação com outros países. Mas já há muitos anos que, a nível epidemiológico e em termos de consumo de psicofármacos per capita, Portugal é o país europeu com maior prevalência de doenças psiquiátricas.”


Que sugestões gostaria de deixar aos Alumni da AESE, para que, em contexto pandémico, possam contribuir para uma vida mais saudável sua, dos seus familiares e colaboradores nas empresas que dirigem?

PA: “Devemos tentar aproveitar o tempo em casa para podermos estar com a família, uma vez que com o teletrabalho não se desperdiça tanto tempo nas viagens pendulares casa-trabalho. Bem sei que, para quem tem filhos pequenos, muitas vezes é difícil trabalhar em casa, principalmente agora que as crianças também estão confinadas no mesmo espaço. De qualquer modo, é necessário manter um horário laboral regular, evitando que o trabalho se misture com a vida pessoal e familiar. O respeito pelo número de horas de sono é outro aspeto importante, já que se tem verificado uma deterioração da qualidade de sono durante a pandemia. Finalmente, gostaria de transmitir uma última mensagem: não nos podemos fixar exclusivamente no presente — que é desanimador e depressivo —, mas principalmente no futuro. Felizmente, já existem vacinas e, dentro de alguns meses, tudo irá melhorar de forma gradual. A esperança é o melhor remédio para combatermos o medo e a incerteza. Quem tem funções de liderança nas empresas deve procurar transmitir este sentimento a todos os seus colaboradores.”


Na conferência, o Prof. Pedro Afonso acrescentou algumas dicas que devem ser observadas para a manutenção da saúde mental: a qualidade do sono, a prática regular de exercício físico, a organização do dia de acordo com um horário e o respeito pelos espaços vividos em casa, ao longo do dia, foram algumas das suas recomendações.


Após a sua apresentação, os Alumni dispuseram de um tempo alargado de perguntas e respostas, que aproveitaram, remotamente, da melhor forma.


Próximas sessões do Alumni Learning Program da AESE

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