AESE insight #96 - AESE Business School - Formação de Executivos

AESE insight #96 > Thinking ahead

Fundraising Corporativo – Como tirar partido do melhor dos dois mundos

Cátia Sá Guerreiro, Ana Benito-Garcia, Joana Horta e Costa e Dário Miranda

Cátia Sá Guerreiro, AESE Business School
Ana Benito-Garcia, Associação Dignitude 
Joana Horta e Costa, JHC Consultadoria
Dário Miranda, Venerável Ordem Terceira de S. Francisco

No passado dia 5 de Junho realizou-se, na AESE, o Seminário GOS 2023, alusivo ao tema À descoberta do mundo do financiamento social. No período da manhã, com recursos a dois painéis de debate sobre Fundraising Corporativo – Como tirar partido do melhor dos dois mundos?, foi possível refletir especificamente sobre dois grandes pontos: Como envolver os dois setores numa vontade comum de acrescentar real valor social? e Como criar parcerias diferenciadoras que possam renovar-se e durar no tempo?

A riqueza de discussão transbordou para a assistência, que ao longo do debate foi colocando questões pertinentes, profundas e de sublinhada importância. No final do dia, e também depois da participação no workshop sobre elaboração de candidaturas de sucesso, ficou a vontade de não calar as questões, as reflexões e as conclusões. Ficou a vontade de dar continuidade à reflexão e debate destes temas, numa perspetiva de intersetoralidade para se faça cada vez melhor o bem que já se faz. Para memória futura, o presente texto sintetiza as ideias chave debatidas nos painéis da manhã.

Síntese do debate
Há uma vontade!!…. e onde há uma vontade há um caminho

Ao longo dos dois painéis que tivemos a oportunidade de ouvir, entre pessoas relevantes do setor social e do setor corporativo, foi possível perceber que, sem dúvida, há uma vontade!!E, como diz um provérbio inglês, onde há uma vontade, há um caminho…tendo ficado claro que há uma vontade dos dois setores em percorrer esse caminho em conjunto, em prol de um real impacto social.

Para tal, é necessário haver um maior entendimento entre ambos, para que um possa ir ao encontro das necessidades, expetativas, motivações e objetivos do outro. Isso implica um maior conhecimento mútuo, do contexto próprio de cada setor. Existe, de ambas as partes, a consciência de que o léxico dos dois setores nem sempre é consonante. Aqui entra o trabalho de casa, a preparação. Se se costuma dizer que “a angariação de fundos implica 90% de preparação e 10% para o pedido”, hoje percebemos que este trabalho de casa tem de ser feito por ambos os setores, um no sentido do outro.

Se, por um lado, as organizações sociais devem saber o que as empresas querem, o que as motiva, o que lhes acrescenta valor e o que as inspira, criando propostas de valor criativas e diferenciadoras, por outro lado, as empresas têm de conhecer a realidade das organizações sociais, a verdade do seu dia-a-dia e as suas reais necessidades, não esquecendo que cada organização é única. Só assim, quando os interesses da empresa se cruzam com os interesses da organização, poderão criar-se parcerias relevantes, que irão gerar mudanças sistémicas nas comunidades e na vida das pessoas.

Depois, percebemos também que as empresas devem olhar para o apoio que dão às organizações sociais como uma oportunidade para investir numa ideia, num projeto, numa causa que impactará o mundo para melhor, sendo legitima a obtenção de benefícios desse apoio, para além da sua responsabilidade social, numa lógica de negócio. De facto, as empresas/marcas responsáveis ganham goodwill, maior atratividade ao investimento, maior envolvimento e proximidade com as suas pessoas, a preferência dos consumidores, maior coesão interna e retenção de talento.

Por seu lado, as organizações sociais devem posicionar-se “de igual para igual”, e ter capacidade de fazer acreditar no seu projeto, com racionalidade, com estratégia, com profissionalismo, mas também com muita emoção. Saber contar a sua história, falar do caminho que quer seguir e do destino onde quer chegar, despertando emoção e criando empatia com quem está do lado de lá da empresa, é fundamental para que esses interlocutores queiram fazer parte, queiram envolver-se com a organização. Só assim se criam relações entre os doadores e a organização, pois angariar fundos claro que é “pedir” (don’t ask, don’t get!), mas é também construir relações com os doadores, criando proximidade, envolvimento, sentimento de pertença – condições sine qua non para o compromisso, a regularidade e a continuidade dos apoios.

Para que se criem parcerias entre os dois setores, com propósito e que acrescentem valor, as organizações sociais têm de ir para além dos seus planos de captação e ter sempre (sempre!) um plano de fidelização, que garanta a proximidade com os seus doadores, pois só assim estes ficarão com a organização por muitos anos e serão um real contributo para a sua sustentabilidade financeira.

Indo ao detalhe do que foi abordado em cada painel, sublinham-se algumas ideias chave. Uma delas, debatida no primeiro painel, é a importância e a urgência da capacitação digital das organizações do setor de economia social – esta permitirá acompanhar a tendência global de desenvolvimento, agilizar processos, rentabilizar recursos. Do mesmo painel emergiu a reflexão sobre as notórias diferenças salariais entre os dois setores, sendo unanime a convicção de que as entidades sociais não conseguirão desenvolver-se apenas com base no voluntariado, devendo apostar na composição de uma equipa ativa, altamente capacitada e bem remunerada. Isto pressupõe não apenas um investimento em novas estratégias de gestão, mas sobretudo uma mudança de paradigma para a qual as organizações deverão predispor-se.

Neste sentido, e já no segundo painel, foi referida a necessidade de profissionalização dos quadros das entidades do setor social, nomeadamente no que concerne a estratégias de financiamento, marketing e inovação. Especificamente em matéria de financiamento, foi sublinhada a necessidade de garantir a sustentabilidade financeira das organizações sociais, sem que esta dependa da resposta aos pedidos de angariação de fundos. Estes devem ter fins bem definidos e ser circunscritos aos projetos em si mesmos e ao cliente final, e nunca para garantir a viabilidade da organização. Foi ainda sublinhada a importância de reportar, de dar feedback aos financiadores e benfeitores, ao longo de todo o processo e após o término do mesmo.

Há todo um caminho a percorrer, mas neste seminário ficou claro que há uma vontade de o desbravar em conjunto. Vamos a isso!

Vamos à melhoria de nota!

Maria de Fátima Carioca 
Professora de Fator Humano na Organização e Dean da AESE Business School

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