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Geoestratégia em debate: compreender o mundo para decidir com menos risco
06/11/2025

O mundo tem assistido a uma sucessão de acontecimentos com impacto profundo na ordem internacional: da reeleição de Donald Trump à persistência dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza, passando pelo ataque ao programa nuclear iraniano e pela crescente assertividade da República Popular da China.
Num contexto de instabilidade e radicalização crescentes, o Alumni Learning Program voltou a colocar a Geoestratégia no centro do debate, convidando Felipe Pathé Duarte como orador para partilhar a sua interpretação sobre os mais recentes desenvolvimentos da cena global.
O encontro com o analista de assuntos políticos internacionais, investigador e professor, realizou-se na AESE, no Campus de Lisboa, a 6 de novembro de 2025.
Consequências políticas, económicas e sociais: o que esperar?
O objetivo da geopolítica no processo de decisão corporativo é, nas palavras do orador, “decidir com o menos risco possível”. A utilização de instrumentos de geopolítica num ambiente VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity and Ambiguity) é, segundo Pathé Duarte, “fundamental para medir dinâmicas de poder e perceber tensões e conflitos”, de modo a minorar consequências perniciosas. “Ao juntar um conjunto de variáveis geopolíticas, consegue-se realizar uma análise prospetiva para ultrapassar a inevitabilidade do contexto VUCA, desenhar cenários de elevada ou reduzida probabilidade e considerar os impactos face ao pretendido”, comentou.
O Professor sublinhou ainda a relevância dos Game Changers, como a Internet e a Inteligência Artificial, cuja interferência “afeta a gestão do espaço e do tempo”, bem como das Wild Cards – acontecimentos inesperados, como o 11 de setembro, a queda do Muro de Berlim ou a invasão da Ucrânia-, cujo efeito de dominó “é incontrolável”.
Como decidir em contexto corporativo?
Na definição estratégica dos negócios, a análise dos acontecimentos globais permite delinear “rumos de cadeias de abastecimento, acesso a mercados, regimes regulatórios e a confiança dos consumidores”.
Quanto mais rigorosa for essa análise, maior será a capacidade de resposta das organizações a choques sistémicos de dimensão internacional.
No final da sua intervenção, o analista antecipou alguns riscos a considerar na previsão das tendências para o ano de 2026. Transacionalismo e Política das Grandes Potências, Tecno-Nacionalismo e Soberania Digital, , a Dívida Global: Governamental e Corporativa, o Viés na IA Generativa, e a Violência Revolucionária na Nova Idade Dourada foram alguns dos desafios apontados.
A Geopolítica como ambiente empresarial
Num mundo em que volatilidade, fragmentação e politização se tornaram a nova normalidade, importa integrar a geopolítica na governance e no processo de tomada de decisão.
“Apostar na diversificação, flexibilidade e credibilidade como pilares de resiliência é o caminho num mundo em que a geopolítica deixa de ser um contexto para passar a ser o próprio ambiente empresarial”, concluiu o orador.
A conferência terminou com um período de perguntas dos participantes, às quais o convidado respondeu, como é tradição nas sessões da AESE.

