O primeiro dia do resto da minha vida
LIÇÕES DA SÉTIMA ARTE
“Il primo giorno della mia vita”, de Paolo Genovese, com Toni Servillo e Margherita Buy nos principais papéis, é um filme sobre suicídio, burnout e cansaço existencial. É sempre um murro no estômago, que interpela o público. Mas também abre espaço a uma reflexão sobre o autoconhecimento e o impacto que cada um de nós tem nos outros.
Tudo começa com quatro pessoas que se suicidam: um rapaz menor de idade, mas já influencer nas redes digitais; uma jovem atleta olímpica de alta competição; uma mãe de família, nos seus cinquenta anos; e, por fim, um homem de negócios de suces- so, casado e reconhecido pelos seus pares.
No entanto, no preciso momento em que cada um se suicida, são recolhidos por “uma pessoa especial” que leva os quatro para um hotel, onde poderão reflectir durante sete dias sobre se querem mesmo concretizar o suicídio ou se preferem “voltar atrás” e continuar a viver.
O filme acompanha as personagens durante esses dias, em que todos em conjunto, vivendo lado a lado, tomam consciência do sentido das suas vidas.
O mais importante é que se conhecem melhor a si próprios. O autoconhecimento é a “chave” do rumo a tomar. Porém, isso só se consegue se for feito com a assessoria de alguém, dando acesso ao que outros vêem e sentem na nossa presença, o que nos dizem. Claro que esse “alguém” terá de gozar da confiança do interessado.
Ao longo dessa semana, cada um vai poder ver como é que as pessoas com quem convivia e trabalhava ficaram depois da sua morte. Constatam o real impacto que tinham na vida dos outros.
Depressa compreendem que muitos “mal-entendidos” se teriam resolvido com uma boa conversa, franca, a tempo e horas.
Pouco a pouco, o espectador vai percebendo como é que cada personagem chegou a tal estado de desespero. O rapazito vê-se como um produto que os pais rentabilizavam digitalmente, sofrendo depois as consequências dos seguidores. A atleta não sabe lidar com as metas falhadas, desvalorizando as conquistas alcançadas. A mãe, que perdera a filha numa morte imprevista, fecha-se em si própria, na sua dor, numa vitimização que recusa dar espaço aos outros. Por fim, o homem de negócios, bem instalado na vida, com um bom carro, uma casa invejável e reconhecimento público como orador em palestras motivacionais pagas a peso de ouro, sente-se infeliz devido à situação do seu casamento. Sabe aconselhar os outros, mas tem dificuldades em ver o que pode fazer para se ajudar a si mesmo e aos que estão ao seu redor.
Numa cena, a atleta confronta-o, chamando-lhe “motivador da treta”. De facto, no decorrer dos sete dias, com todos em interacção, vão-se dando conta de quem são e do significado das suas vidas.
Falam abertamente do que fazem e do que pensam, abrindo o jogo, sem disfarces nem hipocrisias.
Não alteram atitudes e percepções de imediato. Trata-se de um processo de avanços e recuos – mas não “às cegas”, pois agora têm uma direcção, um objectivo: qual a decisão final?
As relações humanas e o querer cultivar laços pessoais com os outros são decisivos na resolução que as personagens irão tomar. Cada um optará por uma saída, singular e inesperada, pois os “happy endings” genuínos só se revelam olhando para o interior e não tanto para o que se exibe nos ecrãs. https://www.imdb.com/title/tt6832210/
Artigo Publicado na Human Resources Portugal, Magazine
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