AESE insight #67 - AESE Business School - Formação de Executivos

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Aumento dos preços: Precisamos de solidariedade estratégica em toda a cadeia agroalimentar

Gonçalo Santos Andrade

Presidente da Portugal Fresh e Diretor do programa de Direção de Empresas Agrícolas e Agroindustriais (GAIN)

A taxa de inflação está há meses a aumentar em Portugal e o mercado já dá sinais de alarme. Este aumento geral dos preços e serviços tem impacto em todas as famílias e poderá influenciar as nossas escolhas na hora de selecionar produtos no supermercado.

As frutas e os legumes são bens essenciais numa dieta saudável e equilibrada, mas não escapam a este fenómeno económico que começou com a escalada de preços da energia e contamina, agora, a generalidade dos bens. Produzimos bens fundamentais.

Este enorme aumento de custos está, naturalmente, a repercutir-se em toda a cadeia de valor e terá de haver uma solidariedade estratégica entre todos os intervenientes para garantir menor impacto, dos produtores e indústria, ao retalho. Uma remuneração justa aos produtores é cada vez mais crucial, porque sem ela não teremos ilusões: haverá falências e teremos menos agricultores a produzir. O contexto é extremamente complexo.

Nos últimos dois anos os consumidores da União Europeia tiveram sempre acesso a produtos de elevada qualidade, totalmente seguros e a preços acessíveis. Isso demonstra a importância do setor agroalimentar, que nunca parou. Mas neste momento é difícil garantir preços acessíveis e projetar com clareza os próximos meses. Todos os dias que se somam são dias a mais. Temos, por isso, de continuar a garantir o que fizemos até aqui: produzir com qualidade e com o melhor preço possível, sem descurar a mais justa remuneração ao produtor.

Para uma melhor perceção da realidade, dou exemplos concretos. Em alguns casos, as caixas e o transporte valem mais que os produtos. Na exportação das brássicas, principalmente couves, esta situação é caótica. Nas culturas anuais (como a batata, cenoura, couves, tomate, morango, melão ou melancia), seguramente, haverá um decréscimo de produção devido à incerteza das contas
de cultura. Quem semear e plantar agora não sabe que custos terá durante a campanha.

Acresce referir que há contratos fechados antes do início da guerra que estão, agora, completamente desatualizados. E não é possível aos produtores cumprirem esses contratos negociados num contexto completamente diferente. Sentimos que da parte da Indústria e da Distribuição há disponibilidade para uma reavaliação da situação e para uma justa remuneração da produção. Contudo, nas culturas plurianuais (como a framboesa, a pera, a maçã, a laranja, uva, amêndoa, entre outros) os produtores não têm esta flexibilidade e a situação ainda é mais grave.

Quando comparamos a nossa situação com a dos principais concorrentes – Espanha, Itália e até França – o cenário é ainda mais preocupante. Quando em Espanha assistimos a um desconto transversal de 20 cêntimos por litro em preços que já são mais baixos, ficamos muito preocupados com o que isso significa para a produção nacional. Há atualmente um diferencial que ronda os 0,50 euros por litro no gasóleo agrícola entre Espanha e Portugal. É muito difícil competirmos num mercado global se continuarmos sem ter ao nosso alcance as mesmas ferramentas.

A estratégia da União Europeia tem de passar cada vez mais por uma aposta a 27 na produção de alimentos, com menor dependência da importação de países terceiros. Isso só se consegue com um plano muito forte a nível da escala e da dimensão da oferta.

Ao nível interno, defendo que para apoiar os produtores, o Governo deve atualizar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) à nova realidade. Os apoios têm de ser bem canalizados, de forma a responder às reais necessidades das empresas e atenuar os graves efeitos que já estamos a sentir.

Os principais beneficiados de toda a ajuda dada ao setor serão os consumidores, pois terão a garantia de produtos de qualidade, com segurança alimentar e a preços menos elevados.

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