AESE insight #84 - AESE Business School - Formação de Executivos

AESE insight #84 > Thinking ahead

Quais as principais tendências para a Área académica Economia, Finanças, Controlo e Contabilidade

Manuel Rodrigues

Lecturer Financial Management Education King’s College London e Conferencista da AESE Business School


Balanço de 2022 e Perspetivas para 2023


O final do ano é sempre tempo de balanço do ano passado e tempo para refletir sobre os desafios e as perspectivas económicas do novo Ano. Apesar dos enormes desafios que atravessamos, 2022 revelou-se ser um ano mais favorável na frente económica do que poderíamos antever há poucos meses atrás. Vejamos:


Apesar do já notável abrandamento económico, a recuperação pós-pandémica à boleia de estímulos monetários repôs o Produto Interno Bruto (PIB) Global a um nível substancialmente acima do patamar pré-Covid e o ritmo de crescimento foi mais elevado do que era expectável (veja-se o caso da economia portuguesa que cresceu ap. 6% durante os últimos dois anos de 2021 e 20221).


A atual crise energética que antecipava racionamento generalizado de energia mobilizou a ampliação da oferta de energia e de contenção do consumo para preservar uma maior autonomia energética. No final de novembro o cenário central da OCDE apontava que a União Europeia e o Reino Unido irão superar este e o próximo inverno sem disrupções de fornecimento de energia, ao mesmo tempo que as reservas de gás natural se mantém acima do nível de armazenamento de 30%.


A eficácia na mudança de políticas no campo energético conseguiu mesmo ir mais longe: Em novembro de 2022 a generalidade dos contratos de futuros de petróleo negociados a partir de 2028 já transacionam abaixo dos patamares pré-guerra. Em poucas semanas a energia nuclear foi incluída na lista de fontes de energia renovável2 (depois de uma década sem consenso) e nos últimos dias os EUA anunciaram a descoberta do processo de fusão nuclear3, que abre caminho para que a energia nuclear seja uma fonte de energia verdadeiramente “limpa”.


Ao mesmo tempo e apesar da reversão da política monetária ter iniciado apenas no segundo trimestre deste ano, uma ação coordenada dos bancos centrais de monetary tightening conseguiu estancar a progressão da inflação global – que se prevê que possa atingir o seu pico entre o final deste ano e o início do próximo. A inflação dos EUA já atingiu mesmo o seu pico há cerca de 2 meses e encontra-se já em recta descendente – o que é particularmente relevante num enquadramento onde o dólar é a moeda de referência global (de acordo com o Bank of International Settlements, BIS, ap. 60% da dívida internacional é emitida em USD). Estes indicadores são assinaláveis se tivermos em consideração que na generalidade das economias avançadas as taxas de juro reais se encontram em território fortemente negativo o que torna particularmente árdua a tarefa de contenção da inflação (i.e. em resultado da inflação estar substancialmente acima da taxa de juro nominal).


No mesmo período o índice de matérias-primas alimentares das Nações Unidas4 também regrediu para baixo do limiar pré-guerra e é já inferior dos níveis a que este índice se encontrava aquando da eclosão da crise financeira de 2008.


Apesar destes sinais de esperança no atual contexto económico global as famílias ainda veem o rendimento disponível ser reduzido pela inflação e pelo aumento do custo de financiamento, as empresas assistem a um aumento de custos de contexto e expectativa de redução das receitas, e os Estados preveem uma degradação do saldo orçamental em resultado do expectável abrandamento da atividade económica. Assim é expectável que durante alguns trimestres o contexto económico se venha a complicar antes de iniciarmos um novo ciclo de recuperação alavancado na recente tendência de redução do custo das matérias-primas alimentares e energéticas.


Finalmente esperemos que em 2023 a crise humanitária na Europa possa ser ultrapassada, que seja acordado um cessar-fogo e iniciada uma negociação de Paz. A Ucrânia que tinha antes da Guerra um PIB per capita que era 25% do Russo e 10% da média Europeia5 corre o risco, de acordo com as Nações Unidas (UNDP), de ver 90% da população Ucraniana em risco de pobreza extrema revertendo todos os progressos que alcançou nos últimos 20 anos.


Mais recentemente a última reunião do G20 na Indonésia em novembro dedicada ao tema “Recover Together, Recover Stronger” conseguiu pela primeira vez desenhar um plano subscrito pelos líderes do G20 para enfrentar os desafios atuais. Foi a mobilização conjunta (sem precedentes) das várias economias em torno de soluções globais que permitiu superar com êxito a maior crise pandémica que o mundo enfrentou na sua história recente e que tem conseguido mitigar o impacto do contexto geopolítico muito adverso com epicentro na Europa Oriental.


Termino como comecei. Os sinais positivos assinalados nos últimos meses reforçam a confiança que os desafios globais que enfrentamos só podem ser superados com respostas globais e que 2023, apesar de se avizinhar um ano com grandes desafios, pode ser o caminho de saída para um novo ciclo de recuperação e crescimento. Esperemos que assim seja. Votos de um Bom Ano de 2023.


Manuel Rodrigues

Lecturer in Finance, King’s College London e Conferencista na AESE


Fontes:

1 Projeção da Taxa de Crescimento real do PIB, Banco de Portugal (https://www.bportugal.pt/page/projecoes-economicas)

2 Comissão Europeia 2-2-2022 (https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/qanda_22_712) (https://www.dw.com/en/european-commission-declares-nuclear-and-gas-to-be-green/a-60614990)

3 Agência de Energia USA https://www.energy.gov/articles/doe-national-laboratory-makes-history-achieving-fusion-ignition

4 Food and Agriculture Organization of the United Nations (https://www.fao.org/home/en/)

5 PIB per capital Ukraine versus PIB per capital EU (https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.CD?locations=UA)

 

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