AESE insight #89 - AESE Business School - Formação de Executivos

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A realidade da energia

Francisco Vieira

Professor de Operações, Tecnologia e Inovação e Diretor do Programa Advanced Management in Energy | AMEG

Bem entrados em 2023, já não vale falar sobre perspetivas para o ano. O jogo vai a meio e parece difícil que o desfecho nos venha a surpreender, pese embora o choque de acontecimentos terríveis e inesperados como o recente sismo na Turquia e Síria.

As inúmeras manchetes com que o setor da energia nos brindou no final do ano passado, parecem merecer agora um lugar mais discreto, e por boas razões: os preços grossistas do gás natural, da eletricidade e dos produtos refinados na Europa aliviaram a pressão dos máximos registados há seis meses. Um inverno menos rigoroso que o esperado, e um nível de reservas (Gás Natural) na Europa já sem a contribuição das importações da Rússia, tranquilizam os mercados e conferem uma confiança acrescida. A guerra, essa, continua a constituir a variável menos previsível, com impactos diretos na valorização das principais commodities, sem esquecer as da agroindústria e da alimentação.

Mas voltemos ao tema da energia. Não passaram despercebidas as notícias de há umas semanas quando as principais empresas multinacionais petrolíferas anunciaram os seus resultados de 2022. A BP atingiu uns “módicos” $27.7b (biliões de dólares), um recorde absoluto nos seus 114 anos de história, e 12 anos após o acidente no Golfo do México que esteve a ponto de ditar o fim da empresa. A Equinor reportou $75b, a ExxonMobil $55.7b e, a Shell $40b. Números de uma dimensão pouco vista, nem nos tempos em que o petróleo reinava. A “nossa” Galp reportou 881 milhões de euros, um resultado igualmente notável à sua escala, e não se pense que à custa dos preços elevados do Gás Natural (que não produz) ou dos preços meteóricos dos combustíveis que os condutores tiveram que pagar em 2022. À semelhança das suas congéneres internacionais, os resultados em 2022 provém em grande parte da atividade de exploração dos poços de petróleo em cujos consórcios participam.

É muito curioso assistir às declarações do CEO da BP, Bernard Looney, quando durante a apresentação dos números de 2022 concluiu que os investidores afinal compreendem e premeiam um abrandamento no ritmo da transição verde da sua empresa (i.e. abandono progressivo do investimento em fontes fósseis e, consequente, direcionamento do capital para fontes de reduzida intensidade carbónica). A estratégia que o próprio anunciou com popa e circunstância em 2020 e que pressupunha uma redução de 40% na produção de petróleo e gás em 2030, é agora ajustada para 25%, e se a coisa situação continua de feição já veremos como chegam a 2030. A razão: o mundo continua a pedir-nos petróleo e gás.

Há umas semanas, no discurso do Estado da União, o Presidente Joe Biden não se dispensou de referir que o mundo e os EUA necessitarão de petróleo e gás durante mais algum tempo, pelo menos mais uma década. Ato contínuo, concluiu pela necessidade de continuar a investir e a perfurar mais poços. Um coro de apupos não se fez esperar, a que se uniram os congressistas do seu próprio partido.

Curioso igualmente constatar as mais recentes projeções (Outlooks, chamam-lhe) do consumo mundial de petróleo para 2050, da BP e da Exxon: enquanto a primeira estima que os actuais 100 milhões de barris por dia se reduzirão a 75 (no cenário “atuais políticas em vigor”), a segunda preconiza que aumentará para 105 milhões de barris por dia. Ambas reconhecem o efeito da penetração massiva dos veículos elétricos no setor dos transportes, mas a Exxon estima prevê um crescimento da procura na petroquímica (plásticos, sintéticos), que mais do que compensará a redução por efeito da eletrificação dos transportes.

Afinal que sentido tem tudo isto? Como entender as promessas “Net Zero” que Estados, bBlocos e, eEmpresas, se apressam em anunciar sempre que as circunstâncias o reclamam. ? Isso sim, as metas são para 2050, – um pouco antes nalguns casos.

Pouco a pouco, a realidade vai-se impondo. Os grandes paradigmas da sociedade global mudam-se com visão e políticas, é certo, mas requerem tempo e realismo. E requerem sobretudo um apurado equilíbrio na sustentabilidade das mudanças.

Não estão em causa os méritos e a absoluta necessidade da descarbonização da nossa economia, a bem do planeta e das gerações futuras. Alguma politização do tema dificulta a leitura de um sentido de realidade que ajude a compreender onde estamos, para onde vamos, e por que caminho. Visão e ambição são essenciais, a par de um sentido pragmático e uma de atuação responsável.

Sim, sabe o Presidente dos EUA e sabemos todos, que infelizmente o mundo vai continuar a necessitar de queimar petróleo durante mais alguns anos (décadas) e que as empresas que o produzem não irão renunciar a essas receitas enquanto os mercados e os investidores os premiarem.

É hora de assumir que o processo vai demorar mais do que o que gostaríamos, e é inútil, mesmo contraproducente, alimentar discursos catastrofistas e metas-fantasia que em nada contribuem para a transição que queremos fazer acontecer.

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