AESE insight #93 - AESE Business School - Formação de Executivos

AESE insight #93 > Thinking ahead

Dê Gás ao conteúdo do seu trabalho

Eugénio Viassa Monteiro

Professor de Fator Humano na AESE Business School e no Indian Institute Of Management–Rohtak, India

Aprendemos muito reflectindo no que fazemos, na sua utilidade e eficácia. É preciso pensar para tirar as nossas conclusões de melhorar a produtividade do que fazemos.

Frequentemente, no nosso trabalho profissional realizamos as tarefas diárias num ritmo lento, talvez em busca da perfeição. Isso é bom, mas podemos desperdiçar o tempo quando o temos muito à nossa disposição. Gostaria de partilhar algumas ideias que fizeram uma grande diferença e foram para mim um excelente guia na minha vida.

O que digo a seguir é mais útil para quem já tenha alguma experiência profissional, pois torna as ideias merecedoras de mais atenção dos diretores/supervisores. Mas é também útil para quem inicia a sua atividade profissional, após a licenciatura, porque ajuda a criar bons hábitos e disciplina no trabalho.

Um novo emprego, uma nova atribuição, devem ser encarados como um momento importante na carreira profissional. Encare-o assim:

– Além de fazer o melhor que puder, no que lhe é pedido no dia-a-dia, pense e ponha por escrito quais os principais problemas que sua empresa está a enfrentar. E tente de uma forma genérica descobrir soluções, com base no seu bom senso. Mas guarde-o para si, até ver que é hora de torná-lo conhecido, se for o caso.

Essa é a melhor maneira de tornar o seu tempo muito útil para a sua empresa e não menos para si mesmo. Isso prepara-o, pouco a pouco, a ver o panorama global e pensar nele de uma forma integrada.

Trabalhei alguns anos numa Empresa onde se deu grande importância ao estudo de todo o ciclo de novos empreendimentos, desde o planeamento e arranque, exploração durante 25 anos e posterior encerramento, com o acompanhamento de materiais e estruturas contaminadas, até à sua regularização. Um estudo de longo prazo, abrangendo cerca de 35 anos.

Três anos depois, eu estava em busca de novos desafios e encontrei uma empresa que poderia aproveitar a minha preparação. Fui contratado e fiquei com a sensação de que os entrevistadores ficaram satisfeitos com o meu âmbito de conhecimentos e me ofereceram um bom nível salarial.

A minha primeira preocupação, quando vi a remuneração proposta, foi pensar no porquê disso? Que contribuição esperavam de mim e como poderia eu corresponder? Tentei descobrir os problemas futuros imediatos da empresa e também se poderia dar algumas ideias para encontrar soluções.

A minha abordagem foi correta, como confirmei mais tarde. Essa atitude é a melhor para quem quer fazer bem, aprender com isso e ajudar a Empresa a atingir seus objetivos.

Muitos dos meus colegas diziam que a empresa era demasiado acomodada e um disse-me que ela não era um bom lugar para mim, talvez porque tivesse uma boa ideia de mim, do dinamismo e vontade de melhorar a prestação da Empresa.

Depois de pensar na Companhia, fui levado a produzir um relatório sobre o que identifiquei como o problema imediato, para o qual não havia estudos concludentes, mas apenas “palpites”. Utilizei muitos dados básicos da própria Empresa, agora elaborados de forma a corresponder às necessidades da companhia., para satisfazer os seus objetivos estatutários.

Percebi mais tarde que meu relatório tinha sido um claro sucesso, provavelmente por ter dado aos Administradores aquilo que os preocupava: uma base objetiva para as suas decisões.

Como eu estava envolvido num trabalho social, depois do meu primeiro ano na empresa, tive o desafio de abandoná-la ou ficar lá em part-time. Os meus colegas explicaram-me que não havia ninguém a tempo parcial e que uma proposta nesse sentido seria rejeitada. E, muito provavelmente, eu teria quede dar um passo atrás ou abandonar a companhia.

A minha única mais valia era o relatório antes referido, que senti ter surtido bons efeitos junto do meu Director e da empresa. Prossegui com a minha proposta de part-time e o meu Director não se atrapalhou… Apenas comentou sobre o número de horas que poderia estar presente no meu escritório, e me disse que não haveria problema, pedindo para deixar tudo escrito, num memorando, o que fiz no mesmo dia.

Algum tempo depois, quando foi o ajustar das remunerações de todas as pessoas da organização, ao desempenho e às taxas de inflação, fiquei muito surpreso ao ver que não só a minha remuneração mensal não fora reduzida na proporção do número de horas, mas fora ainda acrescentada da percentagem da inflação.

Muito grato à minha empresa, iniciei outro estudo, mais complexo que o anterior, pois queria que meu trabalho fosse de real interesse, focado nas questões que a companhia enfrentaria em breve, sobre o crescimento do sistema produtor de energia elétrica.

Havia um relatório de um especialista externo. Usando a mesma base de dados que ele, mas com metodologias mais modernas e uma elaboração mais fina, cheguei a uma conclusão oposta à dele. E enviei o relatório ao meu Diretor.

O especialista foi nomeado Administrador da companhia, pouco tempo depois de eu divulgar o meu relatório “opondo-se” às suas conclusões.

Foi um grande momento para mim quando este novo Administrador estudou cuidadosamente o meu relatório. E um dia, o meu Diretor fez-me saber que o Conselho de Administração, na sua próxima reunião, queria que eu participasse nela. Tinham todos mais de sessenta anos e, eu, menos de trinta… A minha presença era para me fazer saber, pelo Administrador Especialista, com a aprovação de todos os outros, que as minhas conclusões, juntamente com todo o relatório, eram consideradas corretas e a companhia seguiria as minhas indicações.

O que explico é, obviamente, a melhor abordagem para o trabalho que a empresa nos envia. Faça o possível por corresponder às coisas concretas e correntes solicitadas. E o tempo restante use-o com cabeça. Primeiro, para entender os problemas que virão em breve e ver que tipo de respostas podem ser apropriadas.

Mesmo quando ninguém lhe perguntou… você pode ajudar com sua visão. E ainda não sendo um especialista, ao pensar de forma mais global, usando o seu sentido comum, consegue idealizar melhor o todo e identificar cada uma das áreas disfuncionais. O exercício mental ajuda a entender a importância relativa das partes que integram o todo.

Em suma: faça o seu trabalho na especialidade em que você está, mas sempre que possível tente pôr-se ao nível de síntese da organização. Depressa acabará por entender mais e poderá ascender a cargos de responsabilidade na condução da organização.

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