An article a day #4 - AESE Business School - Formação de Executivos

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An article a day #4

24 de março 2020

Fátima Carioca

Dean da AESE e Professora na área
de Fator Humano na Organização.

Uma coisa é saber o significado de pandemia, outra coisa é vivê-la.

O mundo em shut-down ...

Nos próximos tempos, o mundo estará em aparente shut-down: a maioria das empresas abranda a sua atividade ou é obrigada a parar, os espaços públicos das cidades ficam desertos, os países isolam-se e as pessoas recolhem a casa. Na realidade, o único fenómeno que todos gostaríamos de “desligar” era a própria pandemia. Tudo o resto é muito importante que se mantenha vivo. Estar isolado ajuda a conter a disseminação do vírus. Estar parado agrava as consequências sociais e económicas do mesmo. Penso em concreto, nas empresas e nas famílias por serem as duas comunidades de pessoas estruturantes da sociedade.


Neste período sem precedentes e de enorme incerteza, o papel dos líderes empresariais é determinante. No ecossistema da empresa, cuidar atentamente as pessoas, o negócio e a sua operação bem como a sustentabilidade financeira são as grandes prioridades. São prioridades de sempre, é verdade, mas que em tempos mais complexos convém que sejam mesmo prioritárias.


Em relação às pessoas é o momento de ser muito humano, traçar orientações, preocupar-se com os receios e dificuldades com que se encontram. E não apenas profissional e economicamente, mas social e pessoalmente. Não apenas os colaboradores, mas também os clientes, os fornecedores, todos com os quais contamos para levar a empresa para a frente, incluindo a família de cada um. E partilhar também as suas próprias preocupações. As fragilidades partilhadas geram confiança, a confiança gera fortaleza, resiliência e compromisso, os quais geram otimismo e suscitam a inovação, abrindo caminho para chegar ao futuro.


Entretanto mau será se se considerar que o momento é de “business as usual” ou se paralisar com medo de arriscar fazer diferente. Na maioria dos negócios é preciso manter vivo o negócio tradicional, mesmo que a um ritmo menos acelerado, mas ao mesmo tempo, reinventá-lo face às circunstâncias atuais. E o mesmo em relação a pensar como se podem melhorar as operações. As novas formas de trabalho e o atuar de forma contrária à lógica da economia global nas cadeias de abastecimento criam aprendizagens que têm de nos levar para paradigmas de funcionamento diferentes, mais eficientes.


Crítico será manter recursos financeiros que permitam fazer esta travessia. E aí não existem muitas soluções: fazer diferente, envolver outros na solução (colaboradores, clientes, parceiros, bancos, estado,…) e tomar medidas no tempo oportuno, sempre considerando as consequências humanas e éticas das mesmas.


Em relação às famílias, de acordo com a duração da pandemia, agravar-se-ão as dificuldades económicas e sociais. Mas, desde logo, pensando na organização equilibrada entre a convivência familiar e o trabalhar em casa, já de si potenciadora de conflitos que podem ser marcantes na rede de relações e afetos em família. A forma como cada família vai ultrapassar este período, depende muito de vários ingredientes como sejam a paciência (muita paciência), mas também o respeito do espaço e tempo de cada um, a delicadeza no convívio, a generosidade nas tarefas comuns e o empenho por desfrutar do bom que é ter esta possibilidade inopinada e tantas vezes sonhada de estarmos a passar mais tempo juntos.


Este tempo exige sair fora da habitual zona de conforto e isso significa ficar mais vulnerável. Partilhar os desafios e as soluções é construir a história da empresa ou da família. Em ambos os casos, daqui a uns meses, quando olharmos para trás, será algo que nos deixará felizes de o ter feito e, principalmente, nos levará a entender que se não o tivéssemos feito não chegaríamos fortes e preparados para os próximos tempos.


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