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As chaves de sucesso do MBA Afonso Carvalho para liderar com humanidade
04/07/2025
A cerimónia de entrega dos diplomas do AESE Executive MBA é tradicionalmente um momento de solenidade e significado. A oração de sapiência confere um cariz tanto mais especial, quando o convite para keynote speaker recaí sobre um líder bem-sucedido que combina a experiência do próprio ter vivido intensamente o programa e poder avaliar o seu impacto, com o distanciamento que o tempo permite.
Este ano, o orador convidado foi Afonso Carvalho, Managing Partner da Horton International e Alumnus da 15.ª edição do AESE Executive MBA. A sessão decorreu a 4 de julho, no Campus AESE, em Lisboa, e assinalou o encerramento da 23.ª edição do programa.
Em entrevista à AESE, Afonso Carvalho fez uma retrospetiva do seu percurso profissional e refletiu sobre o perfil de liderança mais procurado pelas empresas, na sua qualidade de especialista em gestão de talento. Partilhou também os desafios que o AESE Executive MBA ajuda a enfrentar, numa análise reveladora sobre a formação de líderes, num contexto empresarial em constante mudança.
Como Alumnus do AESE Executive MBA, o que significa para si regressar agora, não como participante, mas como orador convidado?
AC: “Regressar à AESE, agora como orador convidado, é um momento profundamente simbólico. Esta casa marcou uma etapa exigente e transformadora da minha vida a nível pessoal, profissional e familiar. Voltar aqui, anos depois, não só reforça o vínculo afetivo e intelectual que mantenho com a AESE, como também me permite retribuir. Partilhar o que tenho aprendido desde então é, para mim, uma forma de prolongar esse legado. É um regresso com gratidão, mas também com muita responsabilidade, ainda para mais num momento tão marcante como este para os diplomados do 23.º MBA. Trata-se de um ponto de viragem nas suas vidas e carreiras — um ritual de passagem que assinala não só o fim de uma jornada desafiante, mas o início de algo novo. Ter sido convidado a deixar uma palavra nesse instante é uma honra imensa, que encaro com humildade, consciência e profunda admiração.”
Atualmente é Managing Partner na Horton. Pode contar-nos um pouco sobre o seu percurso até aqui? Quais foram os marcos decisivos na sua jornada?
AC: “O meu percurso esteve sempre ligado à consultoria de recursos humanos, nas suas várias vertentes. Tive a felicidade de, ao longo dos últimos 25 anos, ter sido liderado e também de liderar pessoas e equipas extraordinárias, em organizações que me marcaram profundamente. Houve vários momentos decisivos. Um deles foi, sem dúvida, a minha promoção a diretor-geral da Kelly Services Portugal com apenas 33 anos. Foi uma enorme responsabilidade e também uma grande escola. Nesse mesmo ano, tomei outra decisão que considero transformadora: escolhi um mentor. Ter alguém experiente, com quem refletir com exigência e verdade ajudou-me a crescer muito como profissional e, sobretudo, como pessoa. Mais tarde, assumi responsabilidades a nível internacional, o que me permitiu compreender melhor diferentes culturas, contextos de negócio e estilos de liderança. Também tive a oportunidade de liderar empresas que atravessavam momentos difíceis e com maus resultados, e outras em forte crescimento – algo que me deu um orgulho especial, não apenas pelos resultados alcançados, mas pelo impacto direto que esse crescimento teve na qualidade de vida e na felicidade das pessoas com quem trabalhei. Outro momento importante foi a experiência de gerir empresas familiares. É um contexto muito específico, onde as dinâmicas emocionais, de legado e de continuidade se entrelaçam com as exigências de performance e onde aprendi muito sobre equilíbrio e visão de longo prazo. Mais recentemente, a entrada como docente convidado na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa tem sido uma experiência muito recompensadora. De alguma forma, permite-me juntar o melhor de dois mundos: devolver um pouco da minha experiência aos alunos, desafiando-os a sair da zona de conforto, e, ao mesmo tempo, aprender com eles — compreender como pensam as novas gerações, que amanhã serão predominantes no mundo do trabalho. É uma forma de me manter atualizado e conectado com o futuro.”
Qual o impacto que teve o MBA da AESE na sua trajetória profissional?
Ac: “O impacto foi enorme, não apenas em termos de conhecimento técnico, mas sobretudo pela transformação pessoal. O MBA ajudou-me a desenvolver pensamento crítico, visão sistémica e sentido ético. Deu-me ferramentas essenciais para liderar com mais consciência e amplitude, mas deu-me também algo menos visível e, talvez por isso, ainda mais valioso: despertou em mim um espírito empreendedor que sempre existiu, mas que teimava em estar adormecido. Além disso, trouxe-me referências humanas marcantes: professores, colegas, casos e uma comunidade viva com a qual continuo a aprender. É um investimento seguro e com altíssimo retorno que continua a dar frutos, em cada decisão e em cada desafio.”
Sendo especialista em talento e recrutamento executivo, quais são, na sua opinião, as competências mais valorizadas , hoje, nas lideranças de topo?
AC: “Num mundo marcado pela complexidade e pela incerteza, as competências humanas tornaram-se ainda mais relevantes. Vejo cada vez mais a valorização da autenticidade, da escuta ativa, da capacidade de inspirar e não apenas de executar. A curiosidade, a humildade para reaprender, a coragem para tomar decisões difíceis com empatia são hoje traços distintivos dos líderes mais eficazes e transformacionais. Como referi na oração de sapiência: presença, empatia e coragem.”
O que distingue quem progride rapidamente na carreira, comparativamente com quem estagna?
AC: “A diferença, muitas vezes, está na capacidade de se manterem relevantes. Isso exige curiosidade contínua, uma escuta ativa do contexto e, claro, a coragem de sair do piloto automático. Quem se acomoda ao que já sabe ou ao que já conquistou corre o risco de estagnar. Quem continua a investir em si próprio, mesmo quando já está “na crista da onda” tem maior probabilidade de crescer de forma sustentada. Ao contrário dos diamantes, os empregos e as carreiras não duram para sempre.”
Para os diplomados do 23.º AESE Executive MBA que ambicionam acelerar a sua progressão, que conselhos práticos deixaria?
AC: “Primeiro, alinhem ambição com propósito. Depois, cultivem o networking de forma genuína. E, sobretudo, tenham um plano de carreira. Tal como uma prescrição médica, um plano bem desenhado permite tomar melhores decisões em momentos críticos. Por último, não negligenciem o autoconhecimento. Só quem sabe quem é, pode verdadeiramente saber para onde vai.”
A mudança de função, de setor ou até de país, é muitas vezes vista como um risco. Como gerir esse tipo de decisões?
AC: “Risco e crescimento andam frequentemente de mãos dadas. O segredo está em distinguir entre um risco inconsciente e um risco estratégico. Mudar de setor, de função ou de país pode ser uma excelente decisão de carreira desde que esteja alinhada com o que a pessoa valoriza, com as suas competências transferíveis e com o momento de vida em que se encontra. A preparação é essencial pelo que importa refletir com profundidade, mapear cenários e ter clareza sobre o que se está a ganhar e também sobre o que se pode perder para evitar arrependimentos e consequentemente más experiências. Mas, acima de tudo, o mais importante é não tomar essas decisões sozinho. Pedir ajuda faz parte do processo. Aconselhar-se com um profissional que conheça bem os mercados, o contexto e que tenha a experiência e as ferramentas certas pode fazer toda a diferença. É esse olhar externo, informado e realista, que muitas vezes nos permite ver o que ainda não conseguimos ver sozinhos e tomar decisões com mais confiança, segurança e visão de longo prazo.”
Na sua visão, como é que os líderes podem conciliar performance com propósito?
AC: “A performance sem propósito esgota-se. O propósito sem performance perde impacto. Conciliar os dois implica liderar com consciência: saber que os resultados são importantes, mas não a qualquer custo. Os líderes transformacionais e que mais inspiram são aqueles que sabem para que servem e isso reflete-se na forma como mobilizam equipas, tomam decisões e constroem cultura. No final, os resultados e a satisfação organizacional serão a verdadeira prova do algodão.”
Que tipo de liderança será necessária nos próximos anos, tendo em conta o contexto global, tecnológico e humano que vivemos?
AC: “Precisamos de uma liderança mais humana, mais corajosa e mais ética. No meio de tanta aceleração tecnológica, o diferencial estará nas competências relacionais, na inteligência emocional e na capacidade de tomar decisões com impacto positivo no todo. Liderar será, cada vez mais, um ato de serviço. Como dizia Viktor Frankl, quem tem um ‘porquê’ enfrenta qualquer ‘como’.”
O que distingue a AESE das outras Business Schools?
AC: “A AESE tem um fator diferenciador que é difícil de quantificar, mas fácil de sentir: a combinação entre exigência intelectual, profundidade ética e sentido de comunidade. Aqui não se ensina apenas a gerir empresas. Ensina-se a liderar com humanidade. E isso, hoje, é mais necessário do que nunca.”
Em 2025, a AESE celebra o 25.º aniversário do AESE Executive MBA, a par dos 45 anos de fundação da AESE, a 1.ª Business School em Portugal.