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Global Risk Management Survey da AON expõe as principais inquietações dos líderes

06/04/2022

A Prof. Maria de Fátima Carioca, Dean da AESE, foi a anfitriã, deste encontro de apresentação do AON Global Risk Management Survey, “um relatório de extrema oportunidade e relevância”. O evento presencial e remoto, realizou-se a 6 de abril de 2022, com a “valiosa” participação de Pedro Penalva, CEO da AON para a região Ibéria, Africa e Israel, Isabel Vaz, CEO do Grupo Luz Saúde, Francisco Vieira, Diretor do AMEG e Professor da AESE Business School. A mesa redonda foi moderada por Helena Garrido.

Como referiu Fátima Carioca “tomar boas decisões nestes tempos exige ter informação rigorosa e confiável. Exige também entender as variáveis, debater as alternativas e as suas consequências com outros que tenham diferentes perspetivas e alocar tempo para fazer todo este processo. Impacto é a palavra que ressalta de todo o relatório, a par da importância de tomar as melhores decisões, olhando os 3 grandes eixos que são o negócio, a cultura da organização e o talento”. A professora destacou a referência a “riscos sistémicos e conjunturais, negócio, clima e sociedade, interrupções e disrupções, linearidade das operações, posta à prova” e acrescentou a necessidade de “nos formarmos enquanto líderes e executivos para tomarmos as melhores decisões, no seu presente e no seu futuro”.


AON Global Risk Management Survey: conclusões, tendências e debate

Helena Garrido, moderadora do painel de oradores passou-lhes a palavra, sem antes descrever o contexto presente: “é como se estivéssemos num nevoeiro cerrado, no meio de uma tempestade” e é neste “ambiente em que temos de navegar”.

O CEO da AON para a região Ibéria, África e Israel explicou que o estudo resulta de uma investigação desenvolvida há 18 anos, de 2 em 2 anos, contou com a participação de mais de 3 mil empresas auscultadas, de diferentes indústrias, geografias e dimensões organizativas. Realizado na primavera de 2021, os resultados foram aferidos no outono seguinte, comparativamente com o relatório anterior. Pedro Penalva sublinhou a dificuldade de se poderem fazer previsões, em face da incerteza do mundo em que se vive. Apesar da diversidade patente no inquérito, evidencia que os riscos, antes transversais, tornaram-se variáveis e dispersos. “Estes estudos são importantes porque nos dão algumas pistas e pontos de reflexão para gerir num contexto tão volátil o trabalho a fazer daqui para a frente”.

O top dos riscos mais prementes em 2021

1.       Ciberataques

2.       Interrupção dos negócios

3.       Abrandamento económico e recuperação lenta

4.       Risco dos preços dos produtos e escassez de materiais

5.       Prejuízo reputacional e de marca

6.       Mudanças regulatórias e legislativas

7.       Risco pandémico e crise sanitária

Top de riscos estimados em 2024

1.       Ciberataques

2.       Abrandamento económico e recuperação lenta

3.       Risco dos preços dos produtos e escassez de materiais

4.       Interrupção dos negócios

5.       Aceleração dos rácios de mudança nos fatores de mercados

6.       Aumento da competição

7.       Falha na inovação e na correspondência às necessidades dos clientes


Com o eclodir da guerra na Ucrânia, a segurança e o custo do abastecimento energético impactariam significativamente os resultados deste survey. “Esta realidade mudou totalmente o paradigma.” A agenda saída do COP 26 estava centrada em como promover e acelerar a implementação do Acordo de Paris, partindo do princípio de que todos tínhamos energia. Atualmente, contata-se 1ue 50 % de energia da Alemanha provem do gás oriundo da Rússia. “Hoje os resultados seriam diferentes porque todas as derivadas que o sistema geopolítico impactam têm um grau de diversidade e de perceção completamente diferentes. Porém, “provavelmente, o risco n.º 1, acerca da cibersegurança, não mudaria, porque esta guerra começou primeiramente no ciberespaço”. Ao mudarem tão rapidamente as perceções e as necessidades, o líder da AON alertou para o facto de “não haver capacidade de gerir riscos, de planear uma resposta para o que possa acontecer, construir cenários, modelos e testagem, perante acontecimentos que não são antecipáveis.”


A preocupação com os ciberataques

Isabel Vaz, CEO do Grupo Luz Saúde, continua a colocar no topo das suas preocupações o risco de ciberataque, na medida em que em contexto hospitalar, “os processos clínicos dos pacientes podem ser baralhados”. As cadeias de abastecimento foi outro dos temas de risco geridos durante o período de pandemia, tendo sido, presentemente, apaziguado e substituído pela procura de talento, pela “falta de profissionais dramática” e do contínuo gasto energético que uma “operação industrial” de natureza hospitalar pressupõe. Todavia “o tema da energia não estava no topo da agenda. Só se começa a notar uma escalada de preços, no final de 3.º e no 4.º  trimestres de 2021. Depois, veio o conflito na Ucrânia”.


O risco de racionamento energético

Na altura em que o survey foi realizado, Francisco Vieira, identificou “fatores de travão ao crescimento, muito na base das limitações das cadeias de abastecimento” e uma tendência para a tentativa de recuperação das perdas e da estagnação com o lockdown pandémico.


“O risco da escassez de energia em si talvez não seja propriamente uma possibilidade, pois dele decorrem uma peleia de cenários. Ainda assim, recordou que a Europa tomou a decisão de depender exclusivamente do exterior, do ponto de vista energético, o que coloca o continente numa posição de vulnerabilidade. No caso português, o Diretor do AMEG e Professor da AESE não crê que exista um problema de escassez, mas sim de preço, levando à paragem de algumas indústrias no âmbito da cerâmica e da siderurgia nacional.


Perante a grande questão sobre a durabilidade da tensão geopolítica e a deflagração de mais guerras, Francisco Vieira sublinhou a incógnita e a sua descrença na intervenção da NATO na resolução do conflito perpetrado pela Rússia. “Isso dificilmente acontecerá, só ocorrendo se um dos membros da NATO for diretamente atacado e a NATO defender-se-á”. No entanto, considera existir “uma baixa probabilidade de uma guerra mundial ou nuclear”.


Desglobalização: o passo que segue?

Helena Garrido indagou Pedro Penalva, Isabel Vaz e Francisco Vieira sobre o que pensam de um possível processo de desglobalização, após a crise da Covid-19. A nível económicos, “houve ao longo de décadas, uma procura de otimização das cadeias de abastecimento que fez com que houvesse uma muito maior concentração e dependência do local mais barato de produção. A lógica de globalização que incidia sobre a extração do custo da cadeia de abastecimento, teve como contrapartida o aumento de risco de dependência de um único fornecedor”, tal como reforço Pedro Penalva. Esta pode ser uma oportunidade para a competitividade de Portugal: “há uma procura de tornar as cadeias mais curtas. Ninguém estar dependente de um fornecedor único, localizado numa zona do globo” instável. Hoje, “prefere-se ter uma dispersão maior, com um custo superior e, acima de tudo, com fatores de risco mais controláveis.” A globalização está a mudar também a respeito da ordem geopolítica mundial, segundo o CEO da AON.


Os orçamentos dos países que na Europa, durante anos, estiveram orientados para as áreas sociais – Saúde, Educação, investigação -, ao abrigo do financiamento norte-americano, foi um dos aspetos apontados por CEO do Grupo Luz Saúde que irá sofrer mudanças. Isabel Vaz demonstrou as consequências desta reorganização, nomeadamente, com o aumento do escrutínio na alocação dos recursos financeiros. Alguns europeus são pouco pragmáticos na gestão do dinheiro público”, procedimento que terá inevitavelmente de ser alterado a bem da racionalidade económica. Avaliar os riscos seguráveis e identificar os resolúveis estrategicamente é uma das competências que como gestora chama a si para resolver os problemas que vão surgindo. “O problema do talento estamos a tentar resolver há 14 anos”.


“É uma pena que a Europa não tenha corredores energéticos de interconexões entre Espanha e França, quer de redes elétricas, quer de gasodutos para permitir que haja tráfego. Há 8 terminais de regaseificação de gás natural na Península Ibérica. Portugal detém um, em Sines, com características únicas de águas profundas, e que pode ser explorado de forma a injetar gás LNG dos EUA, Quatar, da Austrália e de Moçambique… e alimentar todo o sistema europeu.” O Professou adiantou a falta de capacidade de interconexão nos Pirenéus, passível à circulação de “uma quantidade apreciável”. Portugal beneficia de estar numa posição periférica e com portas de entrada, o que em si não constitui uma vantagem competitiva especialmente diferenciadora.



No final do encontro, os participantes colocaram as suas questões que foram respondidas pelos oradores, em função das conclusões do estudo e das experiências pessoais e profissionais dos palestrantes convidados.



Legenda da fotografia

Da esquerda para a direita: Maria de Fátima Carioca (AESE), Helena Garrido (Antena 1), Isabel Vaz (Grupo Luz Saúde), Pedro Penalva (AON) e Francisco Vieira (AESE)

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