Homilia para os finalistas do 17.º Executive MBA AESE - AESE Business School - Formação de Executivos

Notícias >Homilia para os finalistas do 17.º Executive MBA AESE

Homilia para os finalistas do 17.º Executive MBA AESE

27/07/2019, Lisboa

“Terminastes hoje dois anos de estudo e sacrifício para obter uma capacitação superior no vosso trabalho e um título internacional que vos permite servir melhor o nosso país e qualquer país do mundo. De certo modo, começais agora uma nova etapa da vida profissional e podeis também voltar a dedicar à família – que S. Josemaria considerava o mais importante negócio – mais tempo e mais cuidados.Que a Palavra de Deus da Missa de hoje vos ajude a encarar com optimismo e confiança este novo período.

O Evangelho da Missa de hoje diz-nos uma coisa evidente: que este mundo é uma confusão de mal e bem; trigo e joio misturados e difíceis de distinguir até que dêem fruto, bom e mau. E também nos fala da nossa tendência simplista de atacar a erva má para defender a boa, de arrancar o mal para instaurar o bem. Isto recorda-me um dos primeiros conselhos que ouvi a S. Josemaria, em 1951: «Não somos anti-nada, anti-ninguém. Eu não sou sequer anti-comunista. (E isto, dito por quem o tinha sofrido terrivelmente na Guerra civil espanhola, é eloquente!) Amo os que amam a Deus porque Lhe têm amor, e os que não O amam, porque podem vir a amá-Lo». Realmente, tudo, bom e mau, anda cá misturado, entre nós e dentro de nós, mas a erva má pode tornar-se boa, e a boa tornar-se má. Uma coisa é defender-nos do erro; outra, atacar quem anda desorientado. São nossos irmãos. Por cada um deles morreu Cristo na Cruz. Valem todo o Sangue de Cristo. Procuremos mas é vencer o mal que está dentro de nós.Escandalizamo-nos com o mal que vemos nos outros e perguntamos: como é possível? E Nosso Senhor responde-nos: – É possível, porque estáveis a dormir. Que fizestes para os compreender e ajudar? Para lhes dar bom exemplo? Para ser amigos deles? Para ter paciência, como Deus tem convosco?…- «Queres que vamos e o arranquemos?», perguntam os criados. – «Não, para que não suceda que, ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo ao mesmo tempo».

Aplicai isto aos negócios: não destruais os que vos fazem concorrência ou vos parecem que servem o mal. Realmente, quantas empresas há, empenhadas em corromper as almas, em destruir a família, em desinformar o público, em produzir venenos, em cultivar a morte!Pois, se vos parece que são empresas más, outro conselho nos dava S. Josemaria: «O mal não se arranca; afoga-se em bens!» Onde virmos um mal, ponhamos nós cem bens! Quer dizer: fazei vós empresas melhores do que essas.Sede positivos, leais; não invejosos nem gananciosos. Trabalhar é servir, não é ganhar nem vencer os outros.

E isto leva-nos à primeira Leitura de hoje. Moisés leu ao povo israelita «todas as palavras do Senhor» e «o povo inteiro respondeu: Tudo o que o Senhor disse, nós o poremos em prática: havemos de obedecer-Lhe!» Aqui na AESE aprendeis muito de Liderança, e fazeis muito bem em ser ou querer ser líderes. Mas bem sabeis que só sabe mandar quem sabe obedecer. Aliás, tendes de passar por muitas obediências antes de serdes líderes… e por mais ainda depois de o serdes. Obediência às leis mutáveis, mais ou menos justas, dos vários Governos; aos accionistas ou chefes superiores da empresa que liderais; além de muitas obediências domésticas e corriqueiras que não têm conta. E sobretudo obediência à vossa consciência, isto é, às leis que Deus imprimiu no vosso coração e que fostes aprofundando ao longo da vida, Para serdes líderes tendes de saber ser obedientes, que não significa inferiorizar-vos, mas servir, pôr ao serviço da empresa e da sociedade os vossos talentos. Não sei quem o disse: – «Para deixar de ser secretário basta ser um bom secretário». Sobe geralmente na vida quem é de fiar, quem manifesta sentido de responsabilidade, lealdade, atenção ao que se lhe diz, imaginação para superar obstáculos, persistência, imediata correcção do caminho traçado previamente, se for preciso; informação correcta aos superiores… Quando perguntaram a Confúcio qual a primeira qualidade do chefe, respondeu: «A clareza dos termos». Pois, se as ordens são confusas, a mensagem não corresponde à realidade; e não é possível pô-la em prática. Ora essa correcção de termos depende da veracidade de quem informa. E «sabeis o que faz um general mal informado?» perguntava S. Josemaria: «Perder batalhas».Por todas as razões, a primeira e mais importante obediência é à voz da consciência, que é a voz de Deus no nosso coração e a que nos torna superiores em qualquer caso, pois dela resulta a maior grandeza humana: obedecendo aos outros, afinal estamos obedecendo a Deus. Até nas coisas mais comezinhas, como a obrigação de ser pontuais, levantando-nos a horas. Assim começa o dia de trabalho, com aquilo a que S. Josemaria chamou «o minuto heróico», e que de facto costuma ser heróico, sobretudo se nos quisemos enganar à noite com a televisão ou o smartphone. Nessa altura, já dizia Chesterton: «Só Deus é capaz de me levantar da cama!»Obedecer à voz da consciência – sem estridências, sem necessidade de gestos teatrais, mas com firmeza – é o decisivo: perca-se o que se perder, não se perca a honra nem a alma. E, depois da fé, essa é a melhor herança que podeis deixar aos vossos filhos.”

2024 Copyright AESE Business School :: Todos os direitos reservados :: Usamos cookies para darmos a melhor experiência no nosso site. Ao continuar a sua navegação iremos assumir que não tem nenhuma objeção com a utilização de cookies.
2024 Copyright AESE Business School :: Todos os direitos reservados :: Usamos cookies para darmos a melhor experiência no nosso site. Ao continuar a sua navegação iremos assumir que não tem nenhuma objeção com a utilização de cookies.