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ANECRA promove debate e convida AESE para pensar Futuro Inteligente do Setor Automóvel
28/11/2025

O encontro anual da ANECRA reuniu especialistas e agentes do setor automóvel para analisar os desafios estruturais e as oportunidades de uma mobilidade mais inteligente, sustentável e competitiva. Neste encontro sobre o “Rumo a um Futuro mais Inteligente”, destaca-se o convite ao Prof. Pedro Nuno Ferreira, da AESE, como um dos oradores convidados, no painel de parceiros especialistas, ouvidos a 28 de novembro de 2025.
Dos desafios imediatos da atividade, no que respeita aos fatores estruturais e conjunturais, à sustentabilidade, à IA, à Economia circular, à Mobilidade Elétrica…, muitos foram os temas discutidos. Coube a cada especialista acrescentar o valor da sua experiência, a fim de tornar o setor mais competitivo.
Mobilidade elétrica: realidade ou utopia?
Ao conceber o futuro, Pedro Nuno Ferreira denota uma “tendência é clara: a eletrificação está em forte expansão e já é responsável por uma parte significativa das vendas novas, mas não será uma substituição instantânea da frota global. Temos entre 1,4–1,6 mil milhões de veículos no mundo — renovar essa frota demora décadas. Em vez de um “tudo ou nada”, precisamos de uma estratégia combinada que acelere elétricos onde isso é mais eficaz e use combustíveis alternativos como ponte nas aplicações onde a eletrificação é menos prática. O foco tem de ser emissões reais evitadas, emprego e competitividade industrial.” Esta mudança passa por contemplar os Combustíveis alternativos (Biocombustíveis, Combustíveis Sintéticos, hidrogénio, etc.) que possam “fazer parte da Solução”, “especialmente para frotas pesadas, aviação, navegação e onde a eletrificação é logisticamente difícil. Biocombustíveis e e-combustíveis podem reduzir emissões do parque circulante; o hidrogénio tem potencial nos pesados, mas o seu uso renovável ainda é incipiente. Devemos orientar investimentos para soluções que entreguem redução de emissões verificável.
Os rimos diferentes de uma evolução em curso
O Professor da AESE explicou que teremos durante os próximos 20 ou 30 anos um Sector e uma lógica de Mobilidade com “ritmos distintos. Cidades e países com recursos avançados vão mais rápido; zonas rurais e economias emergentes ficam mais lentas. Para não aumentar desigualdades é essencial política ativa: investimento público em infraestrutura de carregamento, incentivos direcionados, apoio a empregos locais e modelos de mobilidade partilhada que diminuam custos de acesso. Fundos europeus e nacionais devem priorizar coesão territorial.
A mobilidade pensada pelas novas gerações de consumidores
O setor encara desafios acrescidos com a mobilidade ajustada às “novas gerações”, que “exigem conveniência digital, soluções on-demand e compromisso ambiental. Esperam integração multimodal, pagamentos simples e experiência digital fluida. Para as empresas isto significa repensar modelos de negócio — da venda de um produto para a oferta de serviços recorrentes e dados”.
Viaturas elétricas: à conquista de um lugar ao sol
Indagado sobre as vendas de viaturas elétricas continuarem aquém do pretendido, Pedro Nuno Ferreira atribui a necessidade de resposta aos entraves a nível da garantia a melhoria: de uma “rede de carregamento rápida e fiável; do custo total de posse transparente; da oferta de usados; dos incentivos”. E conclui “em Portugal já se vê progresso, mas a confiança é crucial”.
Mobilidade sustentável para todos (?)
A tendência mais rápida no recurso a uma mobilidade sustentável assiste-se sobretudo “nas cidades densas. Nas zonas rurais são necessárias soluções adaptadas. O Prof. Pedro Nuno Ferreira alerta para que “a política local é decisiva para que a nova mobilidade não agrave exclusões”.
A Mobilidade inteligente e a Inteligência Artificial
“O digital já transforma o ecossistema: apps, pagamentos, e dados são centrais.” Para o Professor da AESE este facto não se trata de uma novidade, portanto. “A IA acelera através de previsão de procura, otimização de rotas, gestão inteligente de carga e manutenção preditiva — reduzindo custos e melhorando serviço. Contudo, a adoção exige governança de dados, transparência e atenção à privacidade. IA é acelerador, se focada em métricas concretas (menos emissões, maior utilização, custos mais baixos).” E isso sim, pode trazer valor acrescentado ao setor da Mobilidade e dos Transportes.
“Ambição e realismo” na gestão da competitividade do setor
“A assimetria de políticas cria risco competitivo: fabricantes europeus enfrentam concorrência de produtores com custos e modelos diferentes (e.g., China). Forçar transição sem medidas industriais pode provocar perda de escala e empregos. Em contrapartida, uma política que combine metas ambientais com apoio à indústria (investimento em baterias, capacitação) pode transformar liderança ambiental em vantagem económica.” Pedro Nuno Ferreira deixo uma mensagem de “ambição e realismo”, com vista a “alinhar metas com instrumentos industriais”.
Portugal em movimento
“Portugal tem sinais positivos: quota BEV (Battery Electric Vehicle) em crescimento rápido, expansão da rede pública de carregamento e políticas de incentivo.” Todavia, “ainda há pontos de atenção”, aos quais se deve atentar: “consolidar a rede fora dos grandes centros, fomentar o mercado de usados e alinhar incentivos para reduzir desigualdades regionais. Em resumo: há compromisso e progresso; falta consolidar e amplificar.”
O painel no qual interveio o Prof. Pedro Nuno Ferreira Moderador, contou ainda com as intervenções de: Susana Castelo, Administradora-Delegada e CEO da TIS, Guilherme Marques, COO da Shell e PRIO Truck e Membro da Comissão Executiva da PRIO, Gonçalo Machado da Cruz, Head of Consulting and Acquisition da ARVAL, e João Reis, da PCBC, Plataforma Promoção Combustíveis Baixo Carbono.

