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A Saúde Mental: um fator estratégico de Gestão
09/10/2025
A saúde mental dos trabalhadores tem vindo a assumir um papel cada vez mais relevante nas agendas de dirigentes e executivos, empenhados em construir organizações mais competitivas, humanas e sustentáveis.
Após o desenvolvimento de vários estudos ao longo dos anos, no âmbito da saúde mental, a AESE Business School foi anfitriã da sessão de apresentação de uma nova investigação, desta vez centrada nas soluções concretas para melhorar o bem-estar mental no trabalho. “As 5 Medidas para melhorar a saúde mental nas empresas” foi o objeto desta colaboração.
O evento teve lugar a 9 de outubro de 2025, véspera do Dia Mundial da Saúde Mental, e contou com a participação de dois dos três investigadores: Pedro Afonso, Médico Psiquiatra e Professor na AESE Business School; Miguel Fonseca, Professor de Estatística na Universidade Nova de Lisboa; e José Fonseca Pires, Professor da AESE e Diretor do Programa PADIS | Programa de Alta Direção de Instituições de Saúde.
O Estudo
Através de uma amostra de 598 profissionais com funções de liderança e operacionais em empresas a operar em Portugal, foi possível identificar cinco medidas-chave que contribuem efetivamente para a melhoria da saúde mental no contexto laboral.
O estudo constitui, assim, um contributo científico e prático para apoiar líderes e organizações na implementação de políticas que gerem benefícios simultâneos para os colaboradores e para os resultados das empresas.
A Saúde Mental como Estratégia de Gestão
As rápidas transformações do mundo laboral, o aumento das pressões externas e internas, e a adoção de modelos híbridos de trabalho têm vindo a acentuar a fragilidade psicológica de muitos profissionais.
Esta investigação confirma que a saúde mental é hoje um fator estratégico de gestão: ambientes de trabalho mentalmente saudáveis potenciam “motivação, cooperação e inovação, ao mesmo tempo que reduzem custos associados ao absentismo, burnout, rotatividade de pessoal e doenças relacionadas com o stress ocupacional”.
Melhorar a saúde mental no trabalho traduz-se, assim, em benefícios claros:
- Promoção de um ambiente laboral positivo e saudável;
- Redução de custos ligados à doença e ao absentismo;
- Aumento da produtividade e da satisfação profissional;
- Criação de um ambiente de trabalho mais humanizado, que valoriza as relações interpessoais.
As 5 Medidas Mais Benéficas para Cuidar da Saúde Mental
O estudo avaliou 10 medidas organizacionais destinadas a promover a saúde mental no trabalho, analisando a sua implementação e o impacto na perceção de bem-estar dos colaboradores, através de um processo de autoavaliação.
O Top 5 das medidas com maior impacto positivo inclui:
- Conciliação entre trabalho, família e vida pessoal;
- Gestão eficaz de conflitos internos;
- Respeito pelo horário semanal de trabalho;
- Valorização profissional dos colaboradores;
- Redução da pressão excessiva no trabalho.
Segundo os autores, “os dados confirmam que a saúde mental dos colaboradores não depende apenas de fatores individuais, mas também da forma como as empresas valorizam os trabalhadores, estruturam e organizam o trabalho e promovem relações interpessoais saudáveis”.
A implementação de medidas como a valorização profissional, o direito a desligar, regimes híbridos, a redução da pressão excessiva e o reforço da comunicação interna está associada a melhorias significativas na perceção da saúde mental dos trabalhadores.
Ainda assim, existe margem para evolução. “Há espaço para reforçar a adoção de práticas menos comuns, mas igualmente benéficas — como a redução do multitasking, o alívio da pressão por resultados e a criação de programas de acompanhamento no regresso ao trabalho após baixas médicas prolongadas”, referem os investigadores.
Um Debate com Quem Vive o Tema no Dia a Dia
A sessão contou ainda com uma mesa-redonda que reuniu: Mafalda Santos, Secretária-Geral Adjunta do Governo; Cláudia Horta Ferreira, Diretora da Unidade de Gestão de Recursos Humanos da ADENE; e Ângela Correia, Diretora da Unidade de Recursos Humanos do INFARMED. As intervenções destas responsáveis trouxeram experiências práticas e perspetivas sobre a importância de colocar o bem-estar psicológico dos colaboradores no centro das políticas de gestão.
O debate destacou a importância de uma organização do trabalho que valorize e acomode as necessidades dos colaboradores, não apenas enquanto profissionais, mas também como pessoas e membros das suas famílias. Entre as boas práticas já em curso, salientam-se o reconhecimento das competências individuais, a atenção à gestão de conflitos e a promoção de iniciativas de voluntariado, que contribuem de forma concreta para a melhoria da saúde mental no ambiente laboral.