Miguel Guerreiro
Professor da Área de Operações e Diretor do Programa de Direção de Empresas da AESE Business School
Quando a música encontra as operações
A música tem um poder raro: traduz em sons aquilo que muitas vezes escapa às palavras. Uma sinfonia, um concerto de jazz ou até uma canção popular carregam em si a complexidade de ideias, emoções e narrativas que unem pessoas de diferentes culturas e gerações.
Curiosamente, algo semelhante acontece no mundo das Operações. Para muitos, é uma área invisível, feita de processos, fluxos, métricas e sistemas que raramente sobem ao palco.
Contudo, é precisamente aí, no que não se vê, que se decide a qualidade da experiência do cliente.
É desta analogia que nasce esta série de artigos: usar a música como metáfora para compreender e repensar o mundo das operações, da tecnologia e da inovação.
Porque, no fundo, tanto uma orquestra como uma empresa vivem da mesma essência: a coordenação harmoniosa de diferentes elementos em busca de um objetivo comum.
Cultura e gestão: duas faces da mesma moeda
Acredito profundamente que um gestor sem cultura não é um gestor completo. Liderar pessoas, inspirar equipas e tomar decisões estratégicas exige mais do que conhecimentos técnicos e de gestão. Exige visão, sensibilidade e capacidade de escuta.
A música, neste sentido, é uma escola inigualável.
Ensina disciplina, porque sem ensaios não há concerto. Ensina coordenação, porque um solista brilhante não pode ofuscar o conjunto. E ensina humildade, porque mesmo o maior maestro depende do talento, do esforço e empenho de cada músico para que o espetáculo aconteça.
Ao trazer a música para o centro da reflexão sobre as Operações, não pretendo apenas simplificar os conceitos de gestão. Pretendo também alimentar o gosto pela escuta, pela descoberta e pelo desenvolvimento cultural.
Por isso, em cada artigo haverá sempre uma “Sugestão de Audição: um disco ou uma obra que sirva de inspiração, de convite à pausa e de estímulo para um olhar mais profundo sobre o papel da gestão e do gestor no nosso tempo.
Um percurso a descobrir
Os temas que abordarei vão cruzar diferentes universos musicais e diferentes desafios da gestão. Em alguns casos, a música ajudará a pensar melhor a coordenação e a disciplina; noutros, servirá para refletir sobre a inovação, a flexibilidade ou a importância dos detalhes. O essencial é que cada texto abra novas perspetivas e convide à mesma atitude que a música desperta: escutar com atenção, interpretar com inteligência e agir com sensibilidade.
Sugestão de Audição
Para abrir esta viagem, proponho a Sinfonia n.º 3 “Eroica” de Beethoven.
Esta obra não foi apenas um marco musical: foi um gesto de rutura, uma afirmação de que a arte pode transformar o mundo ao ousar ser diferente. Do mesmo modo, nas empresas, são os momentos de coragem e visão que inauguram novos caminhos e inspiram gerações.
Este é o espírito com que convido cada leitor a acompanhar esta série: pensar as operações com a mesma paixão, disciplina e ambição com que os grandes músicos abordam as suas obras. Porque, no fim, tanto a música como a gestão de operações partilham o mesmo segredo: quando tudo se alinha, o resultado pode ser inesquecível.
Quando a música encontra o marketing
Pedro Nuno Ferreira
Professor da Área de Política Comercial e Marketing e Diretor do EDGE da AESE Business School
Tip of the week
“Success is not final; failure is not fatal: it is the courage to continue that counts.” Winston Churchill