Detesto recomeçar
Este pós-férias é sempre marcado pelo recomeço do trabalho, das aulas, das atividades, de tudo o que interrompemos para finalmente descansar. É um período que nos deixa até um pouco consternados e tristes porque sabe bem estar de férias e custa recomeçar. Falamos sempre deste recomeço como se de uma mera interrupção se tratasse e depois, voltássemos novamente a carburar como qualquer máquina que esteve desligada e foi de novo ligada à corrente.
Pessoalmente gosto pouco da expressão recomeçar. Soa a algo repetitivo que somos obrigados a fazer, como efetivamente de um automatismo se tratasse, sem capacidade de regenerar e fazer algo absolutamente novo. Existe uma diferença muito grande entre ter dez anos de experiência ou ter um ano de experiência repetida dez vezes. Já pensámos nisso?
Cada período de férias devia ser um tempo de reflexão e questionamento mais do que a fobia de diariamente ler emails, mensagens e fazer uns quantos telefonemas, nunca desligando da empresa e do seu corre-corre. Acreditem que o mundo funciona mesmo sem nós (às vezes até melhor…) e que nada é tão urgente como refletir. O que quero para mim e para os que me rodeiam e onde quero chegar? Eu chamo a isso sonhar! Pensar alto e desamarrar as cordas que nos prendem ao dia a dia. Ser capaz uma vez por ano de romper com o status e olhar longe. “Sempre que um homem sonha o mundo pula e avança” diz o poeta, mas o contrário também é verdade. Sem sonho o nosso mundo pára, estagna e nós limitamo-nos a recomeçar o que deixámos por terminar, sem rasgo e sem brilho.
O que de facto gostaríamos de fazer e que nunca fizemos? Onde queremos chegar como pessoas? E como tudo o que é futuro importa estabelecer o caminho. Ninguém chega onde sonha chegar sem dar o primeiro passo e depois os seguintes. E como as empresas são a imagem de quem as dirige, relembro a frase de Einstein “loucura é esperar resultados diferentes continuando a fazer exatamente a mesma coisa”.
Não gosto efetivamente de recomeçar, prefiro começar. Começar algo que nunca fiz e que sonhei fazer, começar algo que me leve mais longe, aonde só eu desejei chegar e não onde a rotina me levou. Posso nunca atingir o que sonhei, mas fazer o caminho é melhor que não fazer nada.
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José Ramalho Fontes
Presidente Emeritus da AESE Business School
Quando a música encontra as operações
Miguel Guerreiro
Professor da Área de Operações e Diretor do Programa de Direção de Empresas da AESE Business School
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