5 medidas eficazes para melhorar a saúde mental no trabalho
Num contexto marcado por rápidas transformações, maior pressão operacional e modelos de trabalho híbridos, garantir o equilíbrio psicológico das equipas deixou de ser um valor social: é hoje uma decisão estratégica com impacto direto nos resultados das empresas. Por conseguinte, a saúde mental no ambiente laboral tornou-se um elemento crítico para a competitividade e sustentabilidade das organizações.
A criação de ambientes de trabalho saudáveis reforçam o empenho, a colaboração e a capacidade de inovação, ao mesmo tempo que reduzem custos elevados associados ao absentismo, à rotatividade de quadros, ao burnout e ao stress ocupacional. Investir no bem-estar das pessoas melhora a produtividade, aumenta a retenção de talento e cria relações profissionais mais consistentes — componentes indispensáveis para equipas estáveis e de alto desempenho.
Foi neste enquadramento que a AESE Business School conduziu uma avaliação sistemática das práticas organizacionais com maior influência na perceção de saúde mental no trabalho. O objetivo é fornecer evidência clara que ajude líderes a implementar medidas eficazes, capazes de gerar benefícios simultâneos para os colaboradores e para o desempenho empresarial.
Esta investigação envolveu 598 alumni da AESE Business School, com uma idade média de 51,8 anos e uma distribuição de 39,1% mulheres e 60,9% homens. A grande maioria (85,3%) tem filhos. Os setores mais representados foram Saúde, Indústria, Banca e Seguros, e Energias e Ambiente. Destaca-se ainda que cerca de dois terços dos participantes ocupam posições de direção de topo ou administração, conferindo especial relevância estratégica às perceções recolhidas.
O estudo avaliou dez práticas organizacionais com potencial para reforçar a saúde mental no trabalho. Entre elas incluem-se o respeito pelo horário semanal, o direito a desligar e a facilitação da conciliação entre trabalho, família e vida pessoal. Foram também analisados os modelos híbridos de trabalho, a gestão eficaz de conflitos, a redução da pressão excessiva, bem como medidas que promovem melhor cooperação e comunicação dentro das equipas. Outras dimensões avaliadas foram a diminuição do multitasking, a valorização profissional dos colaboradores e a existência de um programa de acompanhamento no regresso ao trabalho após doença prolongada.
De forma consistente, todas estas medidas foram bem acolhidas pelos inquiridos, com classificações entre 7,05 e 8,93 numa escala de 1 a 10, evidenciando uma perceção clara de que estas práticas constituem alavancas reais para ambientes laborais mais saudáveis e sustentáveis.
Para avaliar a perceção geral da saúde mental dos participantes, foi utilizada uma escala de autoavaliação tipo Likert, de 1 (péssima) a 10 (excelente). A média obtida foi de 7,61. Ainda assim, importa notar que cerca de 10% dos respondentes avaliaram a sua saúde mental abaixo de 6 (má), um indicador que merece atenção por parte das organizações.
Uma das questões centrais do estudo consistiu em identificar quais das medidas analisadas estão efetivamente associadas a uma melhor perceção de saúde mental no trabalho.
Com recurso a análises estatísticas e a um modelo de regressão logística (logit), foram identificadas cinco medidas com impacto positivo e estatisticamente significativo (p<0,05) na perceção de bem-estar psicológico dos colaboradores (Figura 1).
0>Com base nestes resultados, torna-se possível agrupar estas cinco medidas em três grandes áreas de intervenção prioritária para as empresas:
Figura 1 – 5 Medidas com impacto positivo na perceção de saúde mental

Conclusões
Os resultados deste estudo mostram que a saúde mental dos colaboradores não depende apenas de fatores individuais, mas também da forma como as empresas valorizam os trabalhadores, estruturam e organizam o trabalho, e promovem as relações interpessoais positivas.
Foram identificadas cinco medidas com impacto favorável no bem-estar psicológico dos colaboradores: valorização profissional, direito a desligar, regimes híbridos, redução da pressão excessiva e melhoria da cooperação e comunicação. Estas práticas estão associadas a uma perceção significativamente melhor de saúde mental no trabalho.
Torna-se evidente que, nas empresas, a saúde mental não se promove pedindo apenas resiliência aos colaboradores, mas libertando-os do peso do próprio sistema que lhes provoca desgaste. Os resultados apresentados fornecem evidência objetiva que pode orientar líderes e gestores na criação de ambientes de trabalho mais equilibrados, produtivos e saudáveis.
Investigadores:
Pedro Afonso (Médico Psiquiatra e Professor AESE Business School)
Miguel Fonseca (Professor de Estatística da Universidade Nova de Lisboa)
José Fonseca Pires (Professor AESE Business School e diretor do Programa PADIS)
A coragem de uma esperança ativa
Maria de Fátima Carioca
Dean da AESE Business School e Professora de Fator Humano na Organização,
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Pedro Nuno Ferreira
Professor da Área de Política Comercial e Marketing e Diretor do EDGE da AESE Business School
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