AESE insight #97 - AESE Business School - Formação de Executivos

AESE insight #97 > Thinking ahead

Vivemos tempos desafiantes e perigosos

Marcia Narine Weldon

Professora da Universidade de Miami e oradora do Dia Alumni AESE Business School

O ritmo dos avanços tecnológicos, com a Inteligência Artificial a ganhar protagonismo, o descontrolo das redes sociais, o desafio climático, os desequilíbrios sociopolíticos, ou a desigualdade crescente que põe em causa os direitos humanos, fazem desta época “uma das mais interessantes da História”. Mas há riscos que é preciso controlar sob pena da extinção da humanidade.

O mundo acordou, há pouco mais de meio ano, para a importância e o poder da Inteligência Artificial (IA). O lançamento do ChatGPT veio despertar medos, atiçar conspirações e alertar para um conjunto de desafios que, até então, não eram valorizados e que, em muitos casos, nem passavam pela cabeça do comum cidadão. Mas, na realidade, esta tecnologia não é nova e faz parte do dia a dia de todos quantos têm uma pegada digital há mais de uma década. A diferença, aponta Marcia Narine Weldon, “é que as pessoas perceberam, com o ChatGPT, um pouco mais do que a IA é capaz”.

Em entrevista ao Diário de Notícias, a professora de Direito e Ética, e estratega de negócios, acredita que o mundo vive a época mais interessante e desafiante da História, mas também a mais perigosa. “O mundo está num ponto de viragem e é missão de todos encontrar o leme para evitar caminhos que possam ser catastróficos para a espécie humana”, alerta.

Convidada a dar uma palestra em Lisboa, a propósito do Encontro Anual de Alumni, na AESE Business School, a professora revela que, mais do que falar sobre estas temáticas, a sua missão é “pôr as pessoas a pensar”. Na mala trouxe dez perguntas para colocar à plateia, numa lista encabeçada por: “Vocês são as pessoas mais importantes do mundo?”. A resposta, avança Marcia Weldon, é “Sim”.

“Sim, porque está nas mãos das empresas e dos empresários mudar o mundo, seja pelo produto que desenvolvem, pelo serviço que prestam e, acima de tudo, pelas decisões que tomam”, explica. As restantes questões sobre ética, responsabilidade corporativa, desafios climáticos, direitos humanos, entre outros temas, têm como objetivo ser o ponto de partida para reflexões individuais ou coletivas, nas empresas.

“A minha missão também é ajudar a mudar o mundo”, reforça, acrescentando: “Se conseguir que uma pessoa em cada audiência que me ouve diga “Nunca pensei nisso”, é um passo para concretizar este objetivo”.

Alinhar valores e trabalhar em conjunto
Num mundo com mais de oito mil milhões de pessoas, e que enfrenta enormes desafios, de que forma pode a tecnologia ser a ferramenta da mudança? Em primeiro lugar, aponta Marcia Weldon, reduzindo a desigualdade económica, social, mas também a digital. Um desafio muito complicado e que, na sua opinião, apenas poderá ser ultrapassado com uma coligação de esforços entre os governos de todo o mundo, as empresas, e a sociedade civil.

Além disso, diz, “é fundamental estabelecer valores comuns que garantam que todos olham para os desafios sob o mesmo prisma ético”. Impossível, dirão os mais céticos. “Difícil”, sublinha a professora que defende que o estímulo para fazê-lo será o mundo perceber que, “se nada for feito, estaremos acabados enquanto espécie”.

“É fundamental estabelecer valores comuns que garantam que todos olham para os desafios sob o mesmo prisma ético… se nada for feito, estaremos acabados enquanto espécie.

Este trabalho conjunto, de regulação, de definições éticas para a criação de uma base de atuação comum será, na perspetiva da estratega, a única forma de evitar que o potencial da IA e de outras tecnologias possa ser explorado para o mal. “Li recentemente um estudo que diz que 50% dos cientistas de dados acredita que temos 10% de hipótese de a humanidade ser extinta se não tomarmos o controlo e soubermos lidar com isso”, diz Marcia Weldon. No entanto, aponta que “a vantagem é que sabemos disso, e o bom das táticas de medo é que as pessoas prestam atenção, falam, e se todos trabalharem em conjunto podemos salvar o mundo antes que ele nos derrube”.

Atualmente, diz a professora, “temos já um mundo onde há pessoas que usam a IA para melhorar o trabalho e outras não, e estas serão deixadas para trás. O problema não são os robôs que vêm dominar o mundo, mas o que me preocupa é se tivermos um desemprego massivo porque as coisas estão a desenvolver-se tão depressa que os empregos estão a ser substituídos sem que as empresas e os governos tenham feito o necessário reskilling e upskilling”.

A transformação das competências é, para Marcia Weldon, um dos maiores desafios porque caso o desemprego global aumente, e se as pessoas não tiverem outras opções, abre-se a porta para o crescimento de governos autoritários. “É isso que me preocupa. Isto acontece em todas as revoluções e só se resolve com governos e negócios a trabalharem em conjunto”.

A professora e estratega que quer ajudar a mudar o mundo

Esteve em Portugal em janeiro passado, desafiada pela Microsoft para falar sobre negócios, direitos humanos e tecnologia, um dia depois do anúncio do investimento de 10 mil milhões de dólares daquela tecnológica em OpenAI. Um desafio que agarrou sem medos porque acredita que são três áreas que não podem dissociar-se e das quais depende, no limite, a sobrevivência da espécie humana. Não é catastrofista, mas defende que este é um momento de viragem no mundo, que exige a atenção e o trabalho conjunto de todos – governos, empresas e sociedade. Regressou esta semana ao nosso país para falar perante uma plateia de empresários a quem colocou um conjunto de questões, cujas respostas não esperava que fossem imediatas, mas o ponto de partida para reflexões dentro das suas organizações. “Se conseguir colocar pelo menos uma pessoa a pensar, já dei o meu contributo para melhorar o mundo”, disse em entrevista ao Diário de Notícias.

Márcia Narine Weldon é professora de Direito e de Ética, coach executiva de advogados, estratega de negócios, especialista nas áreas de risco e compliance, oradora e autora de vários livros, e apaixonada pelo conhecimento empresarial e tecnológico. Entre as suas áreas de interesse e pesquisa estão temas como corporate governance, regulamentação e compliance, responsabilidade social corporativa, e a interligação entre negócios e direitos humanos.

Entrevista feita por Fátima Ferrão e publicada no DN 

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