Criar valor na Longevidade para metabolizar energias latentes
A realidade demográfica atual é apresentada como uma realidade social em termos técnicos, com números e tendências, e também, como ameaça ou inverno, sem deixar de se constatar – e muito agradecer! – que a elevação da idade média da humanidade é uma das suas maiores conquistas, a evidência do sucesso da medicina e da melhoria das condições higiénicas da sociedade, em todo o mundo.
Uma análise do processo de envelhecimento conduz a três realidades principais: os seniores atuais, com mais de 65 anos são mais saudáveis que os seus pais e contrastam, em geral, com a imagem tradicional do idoso, sendo conhecidos centenários famosos, em vários campos: The Queen Mother (1900-2002), Queen Elizabeth II (1926-2022), Claude Lévi-Strauss (1908-2009), Bob Hope (1903-2003), Henry Kissinger (1923-2023), etc.
Estes novos idosos, ‘yolds’, têm um potencial de criação de valor – pessoal e laboral – que ainda está latente em grande parte e não tem sido metabolizado pela sociedade, isto é, tal como a metabolização transforma os alimentos em vida, as competências e experiências dos reformados constituem uma força social de grande relevância que pode e deve ser mais bem transformada para um maior benefício da humanidade.
Há uma terceira realidade, consequência desta duas, que é a disponibilidade de colaboradores muito experientes para continuarem a acrescentar valor e produtividade às empresas e para trabalharem nas organizações e projetos sociais. Por consequência, estes yolds têm menos doenças, aumentando o nível de saúde da população. Mas não pode esquecer-se um outro impacto, negativo, que é o prejuízo mental e, muitas vezes, físico que essa forçada inatividade gera nas pessoas e nas suas famílias, uma realidade menos visível, mas real e já bem documentada, junto de psiquiatras e clínicos gerais.
A Longevity Economy Initiative do WEF, World Economic Forum
Atento a este fenómeno, em 2024, o WEF, World Economic Forum, lançou a Longevity Economy Initiative, enquadrando este problema em três âmbitos. Pela sua relevância no emprego, na flexibilidade e na criação de valor, na primeira fase da iniciativa, o WEF considerou a responsabilidade do setor privado, das empresas, instando-as a redesenharem a transição profissional, a considerarem soluções que incluíssem programas de reforma faseada e opções de trabalho flexíveis, numa abordagem holística ao planeamento profissional de cidadãos que, num horizonte próximo, vão viver 100 anos.
Numa segunda dimensão, o WEF recordou aos profissionais que era necessário aumentarem a sua própria literacia financeira porque as soluções tradicionais, atuais, não são compatíveis com os 20 ou 30 anos de vida após a data da reforma, que a maioria vai viver. Referiu que a qualidade de vida, a resiliência financeira e o propósito são os três princípios da “literacia da longevidade“, que os deve capacitar para viverem uma vida saudável e sustentável com propósito, construindo resiliência para enfrentar os desafios de um mundo em evolução.
Num terceiro plano, as parcerias público-privadas foram as soluções que a Longevity Economy initiative considerou serem imprescindíveis para endereçar esta realidade social emergente. O WEF tinha particularmente presente as novas plataformas sociais, físicas e digitais, que colocam em contacto todos os parceiros sociais que são afetados pela nova demografia: serviços públicos diversos, empresas de serviços, instituições e associações privadas cruzam-se no atendimento dos yolds, das suas famílias, mais ou menos afetados pelo isolamento ou pela carência de recursos económicos ou culturais. Também considerou os diversos ecossistemas que é preciso identificar e ativar na geração de emprego em ‘segundas’ carreiras, em geral com dedicações menos absorventes.
O Projeto CVL da AESE Business School
Atenta a esta realidade, também vivida entre os Alumni, a AESE Business School, considerou que a metodologia pedagógica de aprendizagem dos cases studies poderia ser usada para dinamizar estas energias latentes e potenciar o seu efeito na competitividade das empresas e da sociedade, em geral, beneficiando do dividendo da longevidade. Para materializar este projeto, está a construir uma plataforma de conhecimento que inclui casos, capítulos sobre temas selecionados e conjuntos de dados, destinados a servir de base a vários tipos de processos de aprendizagem, adequados às múltiplas realidades existentes, de acordo com os diversos perfis.
A AESE propõe que esta metabolização se faça no contexto dos diversos ecossistemas existentes, comunidades de empresas e organizações, que trocam produtos e informações entre si, sem seguir necessariamente as regras tradicionais dos negócios e criando plataformas para satisfazer os yolds de modo holístico, um modelo já testado noutros setores.
Quando a música encontra as operações
Miguel Guerreiro
Professor da Área de Operações e Diretor do Programa de Direção de Empresas da AESE Business School
Quando a música encontra o marketing
Pedro Nuno Ferreira
Professor da Área de Política Comercial e Marketing e Diretor do EDGE da AESE Business School
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